Na décima primeira sessão deste julgamento, Diogo Gaspar Ferreira, um dos 21 arguidos deste processo e que está acusado de dois crimes - um de branqueamento de capitais e um de corrupção ativa de titular de cargo político, falou sobre o crédito na Caixa Geral de Depósitos, a propósito do financiamento feito em 2006.
"Nunca senti qualquer influência política", disse Diogo Gaspar Ferreira perante o coletivo presidido pela juíza Susana Seca, que questionou o ex-diretor executivo sobre se alguma vez foi feita alguma pressão por parte de António Vara ou se este sugeriu que falasse com José Sócrates.
Em causa estava o financiamento da Caixa Geral de Depósitos para Vale do Lobo, motivo pelo qual o também promotor de Vale do Lobo Rui Horta e Costa se reuniu com a administração da CGD, onde estava Armando Vara.
Nessa altura, contou Diogo Gaspar Ferreira, Armando Vara terá proposto a constituição de uma sociedade, uma vez que a proposta de Vale do Lobo "era interessante", mas os capitais eram insuficientes.
Nesta sessão, a primeira em que o antigo primeiro-ministro José Sócrates esteve ausente, marcou presença o procurador Rosário Teixeira, que liderou a investigação que resultou neste processo que agora é julgado.
Da equipa do Ministério Público, estão hoje os procuradores Rosário Teixeira, Rui Real e Nadine Xarope, não estando presente o procurador Rómulo Mateus.
O antigo primeiro-ministro José Sócrates é um dos 21 arguidos da Operação Marquês e responde maioritariamente por corrupção e branqueamento de capitais. Não esteve presente hoje, depois de ter pedido dispensa ao tribunal esta quarta-feira e anunciado que vai deslocar-se ao Brasil por motivos académicos.
Os 21 arguidos têm, em geral, negado a prática dos 117 crimes económico-financeiros que globalmente lhes são imputados.
O julgamento começou em 03 de julho no Tribunal Central Criminal de Lisboa.
Leia Também: Sócrates dispensado das sessões. Tribunal ouve próximos arguidos