Trata-se de um dossiê temático multimédia, com imagens e informação sobre o regresso dos portugueses que viviam nas ex-colónias portuguesas em África e que tiveram de regressar após a descolonização.
Dos cerca de meio milhão de "retornados", apenas 5% não eram provenientes de Angola e Moçambique e foi sobretudo a partir destes países que se registou uma das maiores pontes aéreas do mundo, sendo que alguns portugueses também regressaram de barco, conforme se explica neste documento.
As imagens e fotografias deste dossiê são acompanhadas de um texto de Morgane Delaunay, uma historiadora francesa especializada em história colonial e pós-colonial e investigadora de pós-doutoramento na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
O dossiê é dividido em cinco separadores, que contam a história deste regresso e as suas implicações: A saída de Angola e Moçambique, Portugal face à chegada dos retornados, alojar os retornados, a (re)integração económica dos retornados e as memórias do retorno.
Com imagens de arquivo da RTP, o dossiê apresenta reportagens da chegada dos primeiros refugiados vindos de Angola, a 22 de julho de 1975, e a forma como ficaram no Aeroporto de Lisboa, a par do apoio prestado por organizações, como a Cruz Vermelha Portuguesa.
E também sobre a espera em Luanda, com vários portugueses a testemunharem a sua intenção de voltarem a Angola, um país em que diziam acreditar.
A chegada de "retornados" por barco também faz parte dos registos deste documento, bem como a forma como foram alojados, com recurso a unidades hoteleiras e instituições como prisões, os apoios prestados pelo Estado português e como o tema foi tratado pelos partidos políticos, num processo revolucionário em curso.
"Com este dossiê sobre os retornados, procuramos dar visibilidade a um dos processos humanos mais significativos do pós-25 de Abril", afirmou a comissária executiva da Estrutura de Missão para as Comemorações do 50.º Aniversário da Revolução de 25 de Abril de 1974, Maria Inácia Rezola.
A historiadora considera que "revisitar estas histórias é essencial para compreender, não só a dimensão da descolonização, mas também o impacto que teve na sociedade portuguesa. Trata-se de um contributo para uma memória coletiva mais inclusiva, plural e crítica".
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