A ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, afirmou, esta quarta-feira, que é os incêndios serão discutidos "na altura devida", referindo que durante o período de inverno é definido quais os meios e a sua organização para maio do ano seguinte.
Em declarações aos jornalistas, a ministra adiantou que a avaliação deverá incidir sobre dois pontos que considerou "fundamentais", nomeadamente a prevenção e o combate.
"Isto é, se prevenimos o suficiente e se o sistema que temos tem toda a eficácia. Não é, no entanto, nem o tempo, nem o lugar para fazer essa avaliação", afirmou Maria Lúcia Amaral, que frisou que essa avaliação "far-se-á no tempo devido".
A ministra aproveitou ainda para advertir que a preparação e prevenção têm que "permanecer prioridades absolutas" apesar da melhoria temporária das condições meteorológicas.
Questionada se o debate plenário marcado para a próxima semana na Assembleia da República irá aprovar uma comissão técnica independente por causa dos incêndios, a ministra referiu que "a comissão é um dos meios, dos lugares e dos tempos adequados para se fazer a avaliação" que considera precisar de ser feita.
Já quanto a rever processos de prevenção do combate aos fogos disse: "O que pode ser feito, o que deve ser feito, quando é feito é uma questão complexa porque envolve o cruzamento de políticas públicas diferentes".
E enumerou: "Uma política pública de reordenamento da floresta, de modo a que ela não cresça de forma caótica e não convide o fogo. Uma política pública de reordenamento urbano, de modo a que as populações estejam mais defendidas. Uma politica pública de demografia, de equilíbrio de território, para que as pessoas tenham vontade de viver nestes lugares, no chamado interior".
"É preciso que nós sejamos capazes de reunir todas estas políticas para o fazer e para que a reunião destas políticas dê frutos. Não vai ser amanhã, nem depois. Reequilibrar um país desequilibrado leva tempo e é isso que nós todos temos de nos comprometer a fazer", salientou.
Maria Lúcia Amaral sublinhou ainda que "os incêndios são discutidos na altura devida". Ou seja, "durante o período do inverno, todo o sistema de defesa que está montado - Sistema Integrado de Gestão dos Fogos Rurais -, leva a que seja, durante esse período, aprovado o chamado DECIR, que é um acrónimo para uma norma sobre meios e a organização dos meios que vão estar à disposição de todos a partir de maio".
A ministra destacou que "todos os anos se faz isto" e que "a lei obriga" a fazê-lo.
"Recuso que tenha havido impreparação neste contexto, agora o que eu não posso recusar de maneira nenhuma, isso é o que será depois avaliado no tempo e no lugar próprio, que não tenha havido no terreno falhas devido à dimensão que as coisas adquiriram neste ano e a proporção que elas adquiriram", referiu.
De recordar que, durante o mês de agosto, Portugal foi fustigado por diversos incêndios, com maior incidência na zona Norte e Centro do país.
O Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais (SGIFR) indicou, sublinhe-se, que o ano de 2025 é o terceiro pior de sempre em termos de área ardida até 31 de agosto, avançando que 17% dos grandes incêndios começaram à noite.
Uma análise preliminar aos incêndios de 2025, referente ao período de 1 de janeiro a 31 de agosto, a que a agência Lusa teve acesso, refere que deflagraram 7.046 fogos que consumiram 254 mil hectares de área.
"Até 31 de agosto, embora o número de incêndios se mantenha significativamente abaixo da média histórica, tal como nos últimos anos, 2025 regista-se como um dos três piores anos de sempre em termos de área ardida", precisa a análise feita pelo SGIFR, da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF).
[Notícia atualizada às 18h26]
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