Em comunicado, a Comissão de Moradores e de Utentes de Marvila (CMUM) dá conta de que em causa estão os lotes 554, 555 e 556 (geridos pela empresa municipal Gebalis), com mais de 100 habitações, e apelam à presença no protesto do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e dos vereadores "para ouvirem os moradores e verem estas condições de habitação" que exigem "respostas urgentes".
De acordo com a CMUM, "apesar da importante intervenção recente neste edificado, ficaram várias situações por acabar e outras mal concluídas".
Entre os problemas encontram-se quatros elevadores nos três prédios que, denuncia, estão parados "há mais de três meses, infernizando a vida ao conjunto dos seus moradores, em particular a um vizinho de um 7.º andar com 94 anos e a outro com 75 que carece de suporte de oxigénio e com graves limitações de saúde". Os dois residentes "não conseguem sair das suas habitações sem apoio de terceiros".
Segundo os moradores, a Gebalis (empresa de gestão dos bairros municipais de Lisboa) "não só não assegura a limpeza das zonas comuns destes lotes, como cortou o acesso a pontos de água que servem necessidades gerais de higiene pública deste edificado".
Também os intercomunicadores, apesar da sua colocação recente, "não funcionam para muitas habitações e o conjunto das portas de acesso continua sem funcionar".
Além disso, houve um incêndio numa habitação de um 7.º andar, mas a casa "não sofreu qualquer intervenção".
"Estas situações têm sido reportadas por moradores e suas comissões e associações, à presidência da Câmara Municipal de Lisboa e da Gebalis, sendo o geral das respostas 'que estão a fazer muito' (mas pouco se vê), ou a ausência de qualquer comunicação", refere-se na nota.
Segundo a CMUM, a realidade estende-se à "larga maioria da população que vive em habitações municipais", o que é considerado uma "desconsideração profunda e mesmo abandono da freguesia de Marvila".
Os moradores de Marvila têm vindo a queixar-se há largos meses das constantes avarias nos elevadores - denunciando avarias em cerca de três dezenas de elevadores de vários lotes - e das condições habitacionais, incluindo infiltrações nas casas, sobretudo no Bairro do Condado e no Bairro Marquês de Abrantes.
A 29 de julho, a Assembleia Municipal de Lisboa recomendou a divulgação junto da população de Marvila das intervenções em curso e planeadas na freguesia lisboeta, no âmbito de uma petição que denuncia o abandono deste território, uma crítica que a câmara recusa.
Na reunião, a vereadora da Habitação e das Obras Municipais, Filipa Roseta (PSD), disse que Marvila é a freguesia com mais habitação pública na cidade e "tem sido um centro de investimento brutal", com mais de 150 milhões de euros de investimento municipal.
"É a freguesia que tem mais investimento neste mandato (2021-2025)", apontou então Filipa Roseta, sublinhando que Marvila não está ao abandono e que naquele território há várias obras em curso, com edifícios novos, reabilitação de edifícios existentes, escolas, parques desportivos e jardins.
Ainda assim, a vereadora ressalvou: "Sei que falta muito, sei que temos de chegar mais, mas também sei que não é por esquecimento."
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