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Bombeiros defendem simulacros obrigatórios nos transportes públicos

A Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP) defendeu hoje a obrigatoriedade de simulacros nos transportes públicos e outros equipamentos, uma das recomendações que deixou no encontro que teve com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

Bombeiros defendem simulacros obrigatórios nos transportes públicos

© Horacio Villalobos/Getty Images

Lusa
09/09/2025 14:16 ‧ há 2 dias por Lusa

País

Acidente/Elevado

A reunião com Carlos Moedas foi pedida pela ANBP antes do que aconteceu no elevador da Glória, na passada quarta-feira, em Lisboa, mas o mortal acidente acabou por dominar a agenda, com os bombeiros a colocarem a tónica na prevenção.

 

Os bombeiros devem ter "contacto direto" com "tudo o que gravita" nas cidades, no sentido de se realizarem simulacros, em conjunto com os técnicos e as empresas que supervisionam os equipamentos.

"Havendo esses exercícios, simulacros, visitas, trabalho com os bombeiros, a probabilidade de haver uma situação desta natureza será bem menor", porque bombeiros, técnicos e empresas "obrigam-se a fazer um relatório, que vai ser estudado, vai ser analisado", realçou Fernando Curto, presidente da ANBP.

"Devia ser obrigatório que isso acontecesse", vincou, relatando que Carlos Moedas "concordou, achou que é legítimo" adotar esse procedimento no futuro.

"A segurança da cidade de Lisboa e do país tem de ser a primeira obrigação dos governantes", assinalou o bombeiro, notando que "falta legislação, falta uma cultura de segurança".

O presidente da autarquia de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), não prestou declarações no final do encontro.

No elevador da Glória - onde um acidente na quarta-feira provocou 16 mortos e vários feridos - "não houve simulacros, não houve nada disso", disse Fernando Curto, explicando que esses exercícios obrigariam a "uma resposta e uma análise", das empresas técnicas e dos sapadores bombeiros.

Se tivesse sido feito, "se calhar o trambolho tinha que ser desmontado, se calhar o fio grande os técnicos tinham de o tirar, ou seja, tudo isto obriga a que haja um cuidado muito maior", aponta.

Sobre as conclusões do primeiro relatório, provisório, ao acidente, Fernando Curto, "fazendo fé naquilo que os técnicos dizem", concordou que "devia haver redundância, devia haver um travão, devia haver tudo isso".

"Se este equipamento fosse vistoriado, se tivesse havido qualquer situação, de certeza absoluta que os técnicos da empresa detetariam qualquer coisa (...). Por que não fazer estes exercícios? Por que não fazer um trabalho conjunto de organização nesse sentido?", questionou, manifestando-se "indignado" com as críticas à suspensão das operações nos restantes elevadores e ascensores de Lisboa.

"Entendemos que esse foi o melhor procedimento", disse, adiantando que os bombeiros vão participar nas intervenções supervisionadas pelas empresas técnicas responsáveis a serem feitas nesses equipamentos.

"Não basta ter bons elementos, como nós temos, não basta ter bons equipamentos, como nós temos, temos é de ter um contacto direto com as empresas, no sentido de fazer a validação destes espaços que são públicos e que são frequentados por mais gente", sustentou, reconhecendo que a prevenção "está a falhar a todos os níveis", não só na cidade de Lisboa, mas em todo o país.

"Os políticos não podem virar as costas à prevenção", instou, reforçando a recomendação de simulacros.

"Quando se apresenta uma proposta destas, [dizem] isso é muito dinheiro [e que] fazer um simulacro num museu é complicado, porque estão duas horas fechados e perde-se muito dinheiro. Não se pode pensar assim. Tem de se pensar é o que se ganha com a realização desses exercícios e o que se ganha com os relatórios [com o] que é preciso corrigir", contrapõe.

"A cidade de Lisboa cresceu, (...) cresceu em pessoas, em visitantes, em edifícios, em tudo, o metro, tudo cresce, e o que não cresce é a responsabilidade da segurança e aquilo que tem a ver com o contacto que o Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa tem de ter perante estas instituições não é só socorrer", frisou.

O problema não é só dos privados, está também na cultura do próprio Estado, como o demonstra a tentativa de há uns anos de proporem fazer um simulacro na Assembleia da República e não terem conseguido.

Os simulacros devem fazer parte dos planos de emergência das empresas de segurança, mas também ser exigidos pelas entidades públicas que a elas recorrem, o que, admite, pode sair prejudicado com a externalização dos serviços, como é o caso da manutenção dos elevadores geridos pela Carris.

Rever os protocolos e envolver os bombeiros na prevenção foram as duas principais recomendações deixadas pela ANBP a Carlos Moedas, de quem reclamam "decisão política", extensível ao Governo.

"Temos de ser fundamentalistas no que diz respeito à segurança e quando morrem pessoas ainda temos de ser mais fundamentalistas. E os políticos, os decisores, seja na câmara de Lisboa, seja no parlamento, na Assembleia da República, têm de ter essa intervenção, que não têm", constata.

O Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa "está preparado" para situações como a do elevador da Glória, disso Fernando Curto não duvida. "O que falta é que haja um trabalho regular de vistoriar, de fazer exercícios e simulacros nessas empresas, principalmente onde há público, onde há gente", reiterou.

"Fizemos um trabalho excelente, mas nós não queremos fazer esse trabalho, queremos fazer esse trabalho antes, para que, quando aconteçam essas situações, as pessoas não morram", apelou, recordando o exemplo, sem querer "alarmar", dos quatro paquetes, cada um com cinco mil pessoas, estacionados todos os dias em Lisboa.

"Se houver uma coisa, como é que fazemos? Temos de estar preparados", defendeu.

[Notícia atualizada às 15h23]

Leia Também: Sindicato denuncia imposição de tabela salarial pelas Misericórdias

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