A Academia 24 do Marquês tem 24 camas distribuídas por seis quartos com 26 metros quadrados (m2), dois quartos com 16 m2 e dois quartos com 10 m2, duas cozinhas equipadas, duas salas de estar. A residência tem também espaços de trabalho comum, duas casas de banho e um salão de jogos, avançou hoje o presidente da Federação Académica do Porto, Francisco Fernandes.
Em entrevista à Lusa sobre a abertura da nova residência estudantil do Porto neste novo ano letivo, Francisco Porto explicou que a obra inserida num andar do Instituto Profissional do Terço, Instituição Particular de Solidariedade Social, custou "150 mil euros", uma verba dos estudantes, para os estudantes e oriunda exclusivamente da Queima das Fitas do Porto.
"Não tem um único euro do Estado central, um único euro de fundos europeus. Todas as receitas vêm dos estudantes, para os estudantes, através da Queima das Fitas do Porto", garantiu o presidente da FAP.
A nova residência vai ter os quartos divididos em duas alas - uma para raparigas e outra para rapazes - e visa colmatar aquele que é considerado o maior problema que os estudantes do ensino universitário enfrentam: a crise no alojamento estudantil.
A segunda residência estudantil da FAP -- a primeira residência foi inaugurada em 2023 junto da Estação de São Bento, na Baixa do Porto - volta a apostar no mesmo design de interiores, com cartolas, bengalas e fitas multicolores a decorar as paredes da casa. Há também vários sofás e pufes, bem como cozinhas com mesas comunitárias para fazer as refeições em convívio.
A FAP espalhou esta quarta-feira pela cidade do Porto cartazes onde se lê: "Federação Académica vai inaugurar a sua 2.ª Residência Universitária -- Quando o Estado falha, os Estudantes resolvem" e "Com quartos para estudantes a 500 euros só nos resta armar a tenda".
"Um quarto aqui no Porto custa em média 400 euros. Em Lisboa 500 euros. A FAP tem sido uma voz de protesto e de chamar a atenção para esta temática, mas tem também sido uma parte da solução", declara o presidente da FAP, garantindo que a FAP vai continuar a trabalhar no "sentido de procurar novas oportunidades porque realmente este é o grande problema dos estudantes e esta é a grande prioridade na FAP."
Questionado sobre o que pediria ao Governo e ao ministro da Educação para resolver o problema da falta de camas para os estudantes deslocados, Francisco Fernandes não hesita e assume que é urgente que se comece a trabalhar já no Plano Nacional de Alojamento Local 2.0 (PNAES 2.0).
Francisco Fernandes também quis destacar, publicamente, que a "culpa não é só do governo PS ou PSD".
"Se formos ver as contas das instituições de ensino superior, os seus saldos positivos, percebemos que o alojamento não é prioridade das instituições, não porque não tem fundos, mas porque não querem", condenou.
A média do custo dos quartos no Porto, segundo o Observatório de Alojamento Estudantil, é de 400 euros, mas o presidente da FAP tende a achar que é mais fácil encontrar quartos a "500 e 600 euros, do que a 300 euros".
Este ano letivo de 2025/26, o número de camas para as instituições do ensino superior do Porto é "pouco mais 2.000 camas para 24 mil estudantes deslocados", revela Francisco Fernandes.
"É óbvio que nunca vai haver camas públicas para todos os estudantes deslocados, mas obviamente que pouco menos de 10% é um número muitíssimo insignificante e que precisa, no mínimo, de ser triplicado até 2030, para termos uma base sólida de oferta pública que também permita controlar os preços no setor privado, que são completamente descontrolados".
As novas 24 camas desta segunda residência são dirigidas para estudantes reencaminhados pelos Serviços de Ação Social. Os estudantes recebem o complemento de alojamento e fica gratuito estudar no ensino superior se ficarem alojados na Academia 24 do Marquês.
"A melhor frase para definir o ano letivo 2025/26 é que de facto temos nos Serviços de Ação Social menos camas disponíveis para os estudantes do que em 2018", declarou o presidente da FAP.
Isso explica-se porque o Plano Nacional de Alojamento para o Ensino Superior tem incluído a recuperação de algumas residências e algumas delas estão encerradas. Ou seja, a oferta prática é menor do que em 2018 e a execução do plano está a 13%, a pouco mais de um ano do termo dos prazos do Plano de Recuperação e Resiliência que fala em 2026.
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