Oito docentes do Instituto Superior Técnico (IST) da Universidade de Lisboa fizeram uma denúncia contra um professor catedrático pela prática de assédio moral sistemático ao longo dos últimos 25 anos.
De acordo com o jornal Público, que avançou hoje com a notícia, a queixa foi feita, em fevereiro, através de uma carta que entregaram ao presidente do instituto, Rogério Colaço.
Segundo a publicação, todos os oito professores pertencem ao Departamento de Engenharia Mecânica, tal como o catedrático que é alvo da queixa, e têm entre 50 e 70 anos.
Todos têm percursos longos dentro do IST, com mais de 20 anos de carreira, são doutorados e ocupam diferentes categorias na carreira académica.
Uma das queixas dos signatários da carta é que o professor em questão - Paulo Martins, visto no meio científico como um investigador extremamente competente - "não deixava que os professores progredissem, para ser o único professor catedrático".
Mas há mais: além do "controlo e bloqueio da progressão na carreira dos docentes", os queixosos garantem que havia "controlo e bloqueio da aprovação de licenças sabáticas; limitações no acesso dos docentes a recursos destinados à investigação científica e ao ensino; desautorização e desacreditação em público; impedimento dos docentes de trabalhar em certas áreas científicas ou em certos projetos de investigação", algo que terá contribuído "para a discriminação, a humilhação e o isolamento individual no trabalho".
O Notícias ao Minuto entrou em contacto com o IST para confirmar a denúncia e para perceber que medidas foram aplicadas perante a mesma. O Técnico explicou que "o processo referido está a seguir os trâmites legais previstos para este tipo de situações, pelo que se encontra, neste momento, em fase de instrução" e que "não se não se pronuncia sobre processos em curso".
Ao Público, também o presidente do Técnico, Rogério Colaço, escusou-se a falar do caso, assim como Paulo Martins. "Não tenho nada a comentar sobre esse assunto", terá dito ao ser abordado pelo jornal.
Por agora, os oito docentes e investigadores que se queixaram de assédio laboral também não querem prestar declarações, remetendo os esclarecimentos para o advogado que os representa.
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