Marcelo Rebelo de Sousa participou hoje na Universidade de Verão do PSD, uma iniciativa de formação de jovens quadros que decorre até domingo em Castelo de Vide (Portalegre), tendo aparecido de surpresa no local, quando estava prevista uma intervenção por videoconferência.
Num painel intitulado "As respostas do Presidente", o chefe de Estado foi questionado sobre a importância que atribui à relação de Portugal com a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), classificando-a como fundamental.
Nesta resposta, sem se referir diretamente à política de imigração do atual Governo PSD/CDS-PP, o chefe de Estado aproveitou para deixar alguns recados sobre o tema.
"O fundamental é conseguirmos gerir as conjunturas, nunca esquecendo o que é estrutural. As conjunturas são como as modas - mais acima ou mais abaixo, mais coloridas ou menos coloridas, mais emocionais ou menos emocionais. Não podemos é, por causa de razões conjunturais, deitar fora uma questão estrutural", defendeu.
O chefe de Estado avisou que "há melindres e feridas que se provocam sem querer", considerando "estar no limite" do que pode dizer sobre o tema.
"Em termos de contributo para a sociedade portuguesa, quer no domínio social, quer no domínio económico-empresarial, quer no domínio cultural, o contributo de irmãos nossos de países de língua oficial portuguesa é crucial e vai ser cada vez mais crucial", alertou.
O Presidente da República defendeu que Portugal vai precisar cada vez mais desses contributos na sociedade, até por uma questão demográfica.
"Não vale a pena divagações genéricas sobre outras realidades mais amplas, mais vagas: temos é que ter o cuidado de quando se trata de comunidades que têm em conjunto connosco esse universo que se chama CPLP de estarmos atentos e pensarmos um bocadinho no médio e longo prazo", disse.
Marcelo Rebelo de Sousa disse que espera "viver o suficiente" para daqui uns anos "esta moda estiver passada" e "se perceber como foi boa ideia não tocar nesse estado estrutural da nossa política portuguesa".
O Presidente da República pediu a fiscalização preventiva do diploma que pretendia alterar o regime jurídico de entrada, permanência, saída e afastamento de estrangeiros do território nacional, com o Tribunal Constitucional a 'chumbar' cinco normas da lei, que agora terá de ser reformulada pela Assembleia da República.
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