O ministro da Economia elegeu hoje o crescimento económico e o aumento dos rendimentos como prioritário, manifestando-se convicto de que os portugueses continuarão a votar no PSD se "sentirem que têm mais dinheiro no bolso".
Manuel Castro Almeida foi hoje orador convidado da 21.ª edição da Universidade de Verão do PSD, que decorre até domingo em Castelo de Vide (Portalegre), numa intervenção com o tema 'Melhor Economia: mais rendimento'.
"Se os portugueses compreenderem que com este Governo estão a ter cada vez melhores rendimentos, eles vão continuar a dar-nos o seu voto (...) Se as pessoas sentirem que cada vez têm mais disponibilidade, mais dinheiro no bolso, esse é o principal critério para nos continuarem a dar o seu voto", afirmou, dizendo que este aumento real aconteceu em 2024 e "vai pelo mesmo caminho" em 2025.
O ministro da Economia e da Coesão Territorial sublinhou que, a par das finanças públicas equilibradas, o primeiro-ministro estabeleceu como principal prioridade do XXV Governo na tomada de posse "o crescimento económico para aumentar os rendimentos dos portugueses e sustentar o Estado social".
"Se os portugueses quiserem uma política de aumento de rendimentos, sabem qual é o partido que lhes pode garantir isto", enfatizou.
Castro Almeida aproveitou a pergunta de uma das alunas da Universidade de Verão do PSD - uma iniciativa de formação de jovens quadros - para criticar o PS por ter inviabilizado a formulação inicial que o Governo pretendia dar ao IRS para os jovens até aos 35 anos, que passava por uma taxa máxima de 15%.
"Eu diria que é vossa obrigação que nenhum jovem desconheça que o governo do PSD, o governo da AD, quis colocar um teto de 15% na taxa de IRS dos jovens e o PS impediu esta aprovação. É contra a nossa vontade que os jovens estão a pagar mais do que queríamos. E eu confesso que até hoje ainda não compreendi qual é o racional do Partido Socialista", disse, considerando "imperdoável" a posição deste partido.
No final da sessão, questionado pelos jornalistas sobre declarações do secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, que reivindicou ter sido o Governo socialista a criar uma primeira versão do IRS jovem, Castro Almeida pediu "mais pudor" aos socialistas.
"Havia uma coisa chamada IRS jovem, da iniciativa do PS, mas eu quero só lembrar que esse IRS era só para licenciados. Portanto, excluía todos os jovens que não fossem licenciados, é uma coisa um bocadinho repugnante, nem sei como é que ainda vem a falar desse assunto. Melhor é encerrar esse assunto", afirmou.
No entanto, Castro Almeida manifestou abertura do Governo para voltar ao tema se o PS estiver disponível para "criar um regime mais favorável para os jovens, para aumentar o rendimento dos jovens, para fazer com que os jovens não tenham que ir para fora porque têm pouco rendimento cá dentro".
Questionado se o Governo pondera voltar a colocar em discussão a sua proposta inicial de IRS Jovem, respondeu: "Isso é assunto que vai ter que colocar ao Ministro das Finanças a oportunidade e o 'timing' dessas coisas é com o Ministro das Finanças não é comigo".
Durante cerca de duas horas, o ministro explicou aos alunos como pretende o Governo superar a diferença de rendimentos que ainda separa Portugal da média europeia e qual entende ser a sua missão.
"Há muito tempo que eu acho que a principal característica do ministro da Economia é mesmo ter força política no Conselho de Ministros para condicionar diversas políticas setoriais orientando-as para o resultado do aumento da competitividade", disse.
Ainda assim, admitiu que o cargo que mais gostou de exercer foi o de presidente da Câmara: "Qual secretário de Estado, qual deputado, qual ministro, o que é bom mesmo, realiza, é ser presente de Câmara. Pelo menos no meu caso foi assim. No anterior governo [de Pedro Passos Coelho], eu era secretário de Estado do ministro Miguel Poiares Maduro e dizia-lhe muitas vezes: 'se você continuar a portar-se bem, você ainda vai chegar a presidente de Câmara", gracejou.
Castro Almeida defendeu que o principal fator de diferenciação das empresas tem de ser a inovação -- e que a ciência também tem de ser usada para "transformar conhecimento em faturas" -- e reiterou o reforço em 300 milhões de euros das verbas incluídas nas Agendas Mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Neste âmbito, destacou dois projetos incluídos nestes consórcios que juntam empresas e centros de investigação: a conceção e produção em Portugal de um avião ligeiro de 19 lugares, para uso civil e militar, e a construção de um lançador de satélites para o espaço nos Açores.
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