"Acho que damos um sinal ao país, dizer que não temos medo de fazer esta comissão de inquérito. Serão chamados aqueles que tiverem de ser chamados, tenham sido governantes, tenham sido dirigentes dos ministérios da Administração Interna, Proteção Civil, todos os que tenham responsabilidade", afirmou.
André Ventura falava aos jornalistas, no concelho de Santiago do Cacém, distrito de Setúbal, à margem de uma iniciativa de recolha de alimentos para os animais afetados pelos incêndios na zona norte e centro do país, promovida pelo Chega e com o apoio de produtores locais.
"Não vamos permitir que fique a ideia no ar de que alguém tinha medo de fazer esta investigação, de que o Parlamento tinha medo de fazer esta investigação", salientou, prometendo apresentar um requerimento potestativo (de caráter obrigatório) para forçar a constituição da comissão de inquérito.
Durante esta ação no concelho de Santiago do Cacém, André Ventura aproveitou para responder ao ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, que hoje classificou um vídeo do Chega que circula nas redes sociais na zona afetada pelos incêndios como "um ultraje aos bombeiros".
"Acho que o Paulo Rangel é o último que pode falar de vídeos para as redes sociais. Acho que era mesmo boa ideia que o Paulo Rangel não falasse de vídeos para as redes sociais", disse, num tom irónico.
Questionado sobre as críticas do secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, que criticou o Chega que "descobriu dez dias depois o que estava a acontecer ao país", André Ventura respondeu, recordando que "o PS demorou oito anos".
"Enquanto José Luís Carneiro não sabia dizer uma coisa ou outra, o Chega estava a doar parte do seu salário às vitimas dos incêndios. Gostava de perguntar se o José Luís Carneiro vai fazer a mesma coisa", argumentou.
E acrescentou que "enquanto o PS estava a falar de relatórios e de medidas que fez enquanto era Governo, o Chega estava a pedir à justiça, durante esse período, que não deixasse à solta os incendiários que voltaram a por fogo no território".
O líder do Chega disse ainda compreender a rejeição do PS a esta proposta, alegando que José Luís Carneiro, que já foi ministro da Administração Interna, quer evitar responder numa comissão parlamentar de inquérito.
"Ele foi o ministro da Administração Interna em 2023 e 2024, ele sabe que com toda a probabilidade se vai sentar na comissão parlamentar de inquérito e quer fugir disso como o diabo foge da cruz", afirmou.
Questionado igualmente sobre a resposta do PSD que considerou "despropositada e inútil" a proposta do Chega, Ventura recusou as interpretações de populismo e demagogia.
"Aqueles que não querem investigar nada, acham sempre que quem quer está a ser populista ou demagógico. Agora aqui está o Chega a dizer [que] vamos investigar isto até ao fim, vamos recomendar que vá para a cadeia quem tiver de ir, apurar responsabilidades de quem tiver que ser", disse.
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