Os 38 migrantes que desembarcaram numa praia de Vila do Bispo, no Algarve, na passada sexta-feira, 8 de agosto, já foram instalados nos centros de acolhimento temporário, onde vão ficar até saírem de Portugal.
Depois de terem sido alojados inicialmente num pavilhão, em Sagres, que a autarquia garantiu "não reunir as condições necessárias", acusando o Governo de falta de respostas, a Polícia de Segurança Pública (PSP) revelou hoje, quinta-feira, 14 de agosto, que as "diligências de instalação e alojamento" foram finalizadas pelas 21h30 de ontem, quarta-feira, 13 de agosto.
"Após a decisão da Autoridade Judiciária competente e até ao atual momento, a PSP, em estreita articulação com as diferentes entidades envolvidas nesta ocorrência, tem desenvolvido várias diligências da sua competência previstas no Plano Nacional de Contingência de Fronteiras e Retorno, no sentido de garantir a decisão da Autoridade Judiciária, bem como todas as condições de instalação e alojamento, com dignidade e humanismo, aos migrantes resgatados", lê-se no comunicado enviado às redações por esta força de segurança.
Assim, 14 dos migrantes resgatados foram instalados no Centro de Instalação Temporária (CIT) do Porto, mais precisamente na Unidade Habitacional de Santo António, 15 foram instalados num espaço equiparado a Centro de Instalação Temporária (EECIT) de Faro e nove num espaço equiparado a Centro de Instalação Temporária (EECIT) do Porto.
Realça ainda a PSP que "todas as diligências efetuadas resultaram de um esforço conjunto, envolvendo diferentes forças e serviços, demonstrando a capacidade de reação e articulação das diferentes entidades envolvidas nesta ocorrência, incluindo o reforço logístico que o Exército cedeu à PSP".
Viagem de 5 dias a partir de Marrocos. Quatro pessoas morreram
O caso remonta a sexta-feira, 8 de agosto. Um grupo de 38 migrantes desembarcou na Praia de Boca do Rio, no concelho de Vila Nova do Bispo, depois de navegarem pela costa portuguesa acima sem ninguém dar por isso.
A viagem, desde Marrocos, terá durando cinco dias e, durante o percurso, quatro pessoas terão morrido, segundo relatou uma das migrantes a um empresário que acompanhou a chegada destas pessoas numa embarcação de madeira ao Algarve.
O grupo, constituído por 25 homens, seis mulheres e sete menores, com idades entre os 12 meses e os 44 anos, serão agora acompanhados pelas autoridades até saída voluntária ou expulsão do país, medidas essas que incluem os menores acompanhados.
Todos os resgatados são marroquinos e entraram ilegalmente no espaço Schengen.
Em 6 anos, 140 migrantes desembarcaram na costa do Algarve
Sabe-se que pelo menos 140 migrantes desembarcaram na costa do Algarve ao longo dos últimos seis anos, segundo uma contabilidade feita pela Lusa a partir das notícias publicadas desde 2019.
O primeiro caso de um barco com imigrantes na costa portuguesa aconteceu há quase duas décadas, em dezembro de 2007: um grupo de 19 migrantes alegadamente provenientes de Marrocos desembarcou na ria Formosa, junto a Olhão.
Os anos de 2019 e 2020 foram aqueles em que mais migrantes chegaram por barco no Algarve.
Na sua maioria, os migrantes chegados ao Algarve nos últimos seis anos foram identificados e receberam ordem de expulsão, mas também se registaram casos de fuga, como o que aconteceu com o grupo que conseguiu fugir do quartel de Tavira.
Em 2020, o então ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, afirmou ser prematuro falar de uma nova rota de migração para Portugal, se se comparar com as "dezenas de milhares de chegadas em Espanha", nomeadamente no sul do país, com os barcos que atravessam de Marrocos.
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