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Sobreiros em Portugal captam até 14,7 toneladas de CO2 por hectare

Os montados de sobro portugueses podem absorver anualmente até 14,7 toneladas de dióxido de carbono (CO2) por hectare, segundo o primeiro estudo que permite quantificar essa capacidade de sequestro, citado hoje pelo presidente da Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR).

Sobreiros em Portugal captam até 14,7 toneladas de CO2 por hectare
Notícias ao Minuto

14:38 - 30/09/14 por Lusa

País Estudo

Em declarações à Lusa, João Rui Ferreira referiu um estudo do Instituto Superior de Agronomia demonstrativo de que, num montado sujeito a gestão florestal em boas condições de solo e clima, se registou "uma capacidade de sequestro anual de 400 gramas de carbono por metro quadrado, ou seja, 14,7 toneladas de CO2 por hectare".

O presidente da APCOR admitiu que o importante papel do sobreiro a esse nível "não surpreende", mas garantiu que esta é a primeira vez em que um estudo realizado por investigadores portugueses "permite demonstrar e quantificar essa capacidade de sequestro, bem como os fatores que a podem influenciar".

Considerando que a certificação florestal, por um lado, e a maior densidade de sobreiros, por outro, têm um impacto positivo na retenção de CO2, João Rui Ferreira anunciou que "a APCOR continuará a apostar em formas de fazer crescer essas duas realidades".

Os resultados do estudo são encarados como particularmente relevantes, aliás, no contexto da Cimeira do Clima das Nações Unidas, que, ainda na semana passada, insistiu que o aumento das concentrações de gases com efeito de estufa na atmosfera conduz a significativas alterações climáticas, pelo que o armazenamento de médio prazo de carbono nas florestas ajudará a mitigar as emissões de CO2 de origem fóssil, sublinhou a fonte.

"Sendo o sobreiro uma espécie de crescimento lento, que pode atingir os 200 anos, e verificando-se uma menor incidência de incêndios em áreas de sobro comparativamente às de outras espécies, o carbono anualmente sequestrado pelos montados é armazenado por períodos muito longos de tempo", realçou João Rui Ferreira.

"A certificação florestal é um garante de que os montados são geridos de acordo com práticas que potenciam a preservação da biodiversidade, a conservação dos solos, a regulação hidrológica, a promoção de um património cultural único ao serviço das comunidades e dos turistas, e a defesa de um enorme valor social, que cria condições de trabalho em zonas de baixo investimento", acrescentou.

Essa certificação também será, por isso, "um fator diferenciador dos produtos em cortiça face aos concorrentes".

"Desta forma, reforçará a cortiça enquanto marca global", concluiu o presidente da APCOR.

A União Europeia criou em 2008 o ICOS - Integrated Carbon Observation System, a partir do qual se vêm realizando em Portugal alguns trabalhos de quantificação da capacidade de retenção anual de carbono pelo montado de sobro.

Segundo dados da APCOR, em Évora, por exemplo, mesmo um montado com pouca densidade, com cerca de 30% de cobertura de árvores, apresenta um sequestro anual de 179 gramas de carbono por metro quadrado, o que equivale a 6,56 toneladas de CO2 por hectare.

Se o Instituto Superior de Agronomia comprovou que áreas com maior densidade arbórea podem reter até 14,7 toneladas anuais desse gás por cada hectare de floresta, a APCOR estima que, numa perspetiva geográfica mais alargada, os montados de sobro da bacia ocidental do Mediterrâneo têm capacidade para absorver cerca de 30 milhões de toneladas de CO2 por ano.

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