O homem, de 20 anos, que agrediu o ator Adérito Lopes, junto ao Teatro A Barraca, em Lisboa, no passado dia 10 de junho, Dia de Portugal, foi constituído arguido, confirmou a Procuradoria Geral da República (PGR) ao Notícias ao Minuto, esta quinta-feira, 3 de julho.
De acordo com o Jornal de Notícias (JN), que avançou com a informação, foi na segunda-feira, 30 de junho, que o suspeito, que alegadamente integra um grupo neonazi, foi constituído arguido e sujeito à medida de coação de termo de identidade e residência.
O caso está em segredo de justiça, no entanto, segundo o matutino, perante a magistrada, o agressor terá repetido a versão já apresentada publicamente, numa entrevista, de que agrediu o ator porque pensou ter sido insultado por este quando passava à porta do teatro, garantindo que não tem qualquer ligação ao grupo neonazi com o qual almoço, antes do ataque.
Recorde-se que, numa entrevista dada ao jornal Público, após as agressões a Adérito Lopes, o suspeito alegou que, no dia anterior à agressão, esteve a beber com uns amigos e acabou por ficar na casa de um deles.
No dia seguinte, 10 de junho, esse mesmo amigo convidou-o por um almoço, que reuniu dezenas de neonazis. O jovem assegura que não tinha conhecimento prévio deste facto e que está "arrependido". No entanto, saiu do almoço na companhia de alguns membros dos Blood and Honour - ao qual pertencem pessoas que foram condenadas pela morte de Alcindo Monteiro, há 30 anos, por motivações raciais - para se dirigir a outro jantar.
E foi no decorrer desse trajeto que terá agredido a murro o ator Adérito Lopes.
"É completamente mentira"
Ao mesmo jornal, Ricardo Sá Fernandes, um dos advogados de Adérito Lopes, afirmou que "é completamente mentira" que o ator tenha insultado o agressor, garantindo que "foi uma agressão completamente gratuita".
Recorde-se que tudo aconteceu no Dia de Portugal, em frente ao Teatro A Barraca. O ator Adérito Lopes, foi agredido por um grupo de extrema-direita, em Lisboa, quando entrava para o espetáculo com entrada livre 'Amor é fogo que arde sem se ver', de homenagem a Camões.
Em declarações à agência Lusa, a diretora da companhia, a atriz e encenadora Maria do Céu Guerra, contou que a agressão ocorreu cerca das 20h, quando os atores estavam a chegar ao Cinearte, no Largo de Santos e, junto à porta, se cruzaram com "um grupo de neonazis com cartazes, programas", com várias frases xenófobas, que começaram por provocar uma das atrizes.
Na altura, o Ministério Público confirmou à agência Lusa a abertura de um inquérito para investigar a agressão contra o ator.
Entretanto, Adérito Lopes, com o antigo ministro da Educação João Costa, assinou um artigo de opinião no semanário Expresso com o titulo "Não viveremos no medo que nos querem impor".
No dia 10 de Junho, em que "saboreámos as palavras desassombradas de Lídia Jorge e o alerta claro do Presidente da República", foi também o dia em que "um dos autores deste texto foi barbaramente agredido por um neonazi", escrevem Adérito Lopes e João Costa no artigo conjunto.
E concluem: "Querem-nos com medo. Mas nós não temos.".
Adérito Lopes terá sido agredido com uma soqueira, o que o provocou-lhe ferimentos na face. O ator terá tido mesmo necessidade de levar alguns pontos.
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