O presidente da câmara de Lisboa considerou hoje que "é muito importante que a Europa trabalhe diretamente com as cidades" na área da habitação e essa será uma das propostas que levará ao conselho consultivo criado pela Comissão Europeia.
Carlos Moedas (PSD) foi nomeado pela Comissão Europeia para o House Advisory Board, um conselho consultivo dedicado à habitação na Europa, que iniciou funções a 30 de junho e que definirá uma estratégia comum para responder à crise habitacional.
O social-democrata, ex-comissário europeu, é o único autarca a integrar o House Advisory Board, no qual assumirá a vice-presidência.
Questionado pela Lusa à margem do International Forum on Urbanism (IFoU25), que está a decorrer em Lisboa, Carlos Moedas adiantou que vai levar ao conselho consultivo "a experiência de Lisboa", desde logo com o que foi feito graças à União Europeia (UE), nomeadamente à assinatura de "um contrato de 560 milhões de euros".
O autarca da capital é um defensor dessa "capacidade de pôr, no fundo, a Europa a trabalhar diretamente com a cidade", o que "muitas vezes" não acontece.
Essa "ligação direta é (...) muito importante (...), porque muitas vezes a Europa trabalha com os países, mas depois o dinheiro não chega às cidades", assinalou o autarca, defendendo que a UE "deve trabalhar mais com as cidades e, às vezes, talvez um bocadinho menos com os países".
Lisboa servirá ainda de exemplo pelas políticas de apoio à renda adotadas no curto prazo e que já garantem ajuda a "mais ou menos 1.200 famílias", detalhou, à saída do Pavilhão de Portugal, depois de participar na sessão de abertura do IFoU25, fórum internacional sobre urbanismo este ano acolhido pela Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa e que decorre até 04 de julho.
"Há uma necessidade tão grande que a pessoa não pode apenas dizer que vai construir ou reabilitar, porque isso demora anos. A pessoa para construir um prédio demora três anos, dois anos, para reabilitar demora um ano e meio, e as pessoas precisam de pagar a renda hoje", lembrou.
Para Carlos Moedas, Lisboa é ainda um exemplo na reabilitação a "preços muito baixos" de "casas que estavam abandonadas ou fechadas" e na nova construção, "que é necessária, mas que demora mais tempo".
O exemplo das cooperativas será também útil para mostrar aos especialistas do conselho consultivo, que, na maioria, "não têm a visão de uma cidade e daquilo que é preciso fazer".
Constituído por 15 elementos, o conselho consultivo inclui alguns dos maiores especialistas europeus em habitação, bem como altos responsáveis políticos de vários países.
O novo órgão consultivo tem como missão definir a estratégia e a abordagem da Comissão Europeia para responder à crise na habitação.
De acordo com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o novo conselho consultivo vai desenvolver um Plano Europeu de Habitação Acessível, no âmbito do qual analisará todas as causas da crise e ajudará a concretizar os investimentos públicos e privados necessários.
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