ERC deve olhar "em simultâneo para o passado e presente"

O membro do Conselho Regulador da ERC Telmo Gonçalves afirmou hoje que o regulador dos media deve ser uma espécie de Janus e olhar em simultâneo para o passado e o presente, aberto a integrar novas dinâmicas.

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Lusa
01/07/2025 18:15 ‧ há 3 horas por Lusa

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O responsável da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) falava hoje no 34.º congresso da APDC na Culturgest, em Lisboa, com o mote 'Business & Science Working Together' (Negócio & Ciência a Trabalhar Juntos).

 

"Mas qual deverá o papel do regulador dos media, da ERC no nosso caso, neste atual clima de incerteza e perante um cenário tão exigente para as organizações mediáticas e para os seus profissionais", questionou Telmo Gonçalves, para logo se socorrer da mitologia romana e lembrar a figura de Janus, "o deus das duas cabeças", uma a olhar para o passado e outra para o futuro, "o deus das pontes, das entradas e das saídas, dos inícios e dos fins, o deus das transições".

O regulador dos media "deve, em certa medida, ser um Janus, olhar simultaneamente para o passado e para o presente, simultaneamente conservador e progressista no que respeito ao movimento do sistema mediático", referiu o membro da ERC.

"Pode e deve ser uma plataforma de referência para zelar pela proteção dos valores centrais, técnico-jurídicos que definem o papel dos media nas sociedades democráticas e simultaneamente aberto a integrar novas dinâmicas nas quais possa ajudar as empresas e os cidadãos a obter respostas mais eficazes dos serviços de comunicação social", acrescentou.

Referiu ainda que a ERC tem competência na implementação de vários diplomas e que este tem "sido um desafio extraordinariamente exigente conseguir acompanhar esta vertigem de produção legislativa e preparar a sua aplicação".

Apesar dos rumos incertos que se vive, "temos de reconhecer os papéis dos órgãos de comunicação social" como essenciais, disse.

Telmo Gonçalves elencou ainda três dinâmicas de erosão que se afiguram "mais perenes, profundas e duradouras" para o setor, que obrigam a uma adaptação rápida das empresas.

A primeira, e talvez "a mais significativa", é a erosão dos media como principais fontes de informação e de entretenimento.

"A Internet e o desenvolvimento das tecnologias digitais produziram uma explosão do fenómeno de comunicação em sociedade que abalou a centralidade que os órgãos de comunicação social tinham vindo a assumir" da segunda metade do século XIX.

Desde as redes sociais, o surgimento das plataformas de partilhas de vídeos, à crescente oferta de serviços de 'streaming', afirmação no espaço público de novos atores individuais, como 'influencers' ou 'youtubers', o setor tem sido "desafiado e obrigado a transformar-se", apontou.

Recordou que quase todos os relatórios sobre consumo de media dão nota da progressiva a perda da relevância dos media tradicionais junto dos públicos, movimento que não é igual em todos países, nem em todos os órgãos de comunicação social.

A segunda dinâmica é a erosão do modelo tradicional de negócio assente na publicidade como fonte predominante de financiamento.

A última é a dinâmica da erosão que se verifica a nível dos valores profissionais, em particular do jornalismo, e a precarização das suas condições de trabalho.

"A explosão de canais de comunicação, com a consequente pressão da conquista de audiências e da rentabilização de conteúdos, trouxe não só uma nova série de atores para o campo dos media como também veio pressionar as profissões mais tradicionais, em especial o jornalismo", apontou.

Associada a estas duas dinâmicas há duas problemáticas incontornáveis: a desinformação e a inteligência artificial, ambas com impactos transversais, acrescentou Telmo Gonçalves.

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