A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) considerou hoje que o Ministério da Saúde devia ter aberto cerca de mil vagas para médicos de família, alertando que abrir menos reduz a probabilidade de haver candidatos.
A Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) anunciou na segunda-feira que, dos 389 médicos de família que terminaram recentemente a formação da especialidade, apenas 231 escolheram uma das 585 vagas disponibilizadas no último concurso para a colocação nas unidades locais de saúde (ULS).
"É um número muito baixo e isto também está a causar revolta, porque nesta fase até temos médicos que querem ficar no SNS e, simplesmente, não tiveram a sua vaga", realçou a presidente da Fnam, Joana Bordalo e Sá, em declarações à Lusa.
Sublinhando que cada vaga corresponde a cerca de 1.600 utentes e que existem mais de 1,6 milhões de pessoas continuam sem médico de família, a dirigente defendeu a necessidade de abrir "mais ou menos" 1.000 vagas a nível nacional.
"Se admitirmos que cada médico de família terá um número de utentes que ronda os 1.600 utentes, é só uma questão de fazer as contas. Percebemos que faltam pelo menos 1.000 médicos. Ao terem aberto apenas metade, (...) diminui a probabilidade de as pessoas escolherem as vagas", precisou.
Joana Bordalo e Sá considerou que o Ministério da Saúde "repetiu o erro" do ano passado ao não abrir as vagas todas.
"Isto é inaceitável. (...) Este ano foi ainda mais flagrante... [O ministério] tem de abrir as vagas todas, porque dá mais hipótese de as pessoas escolherem uma e não ficarem fora do SNS [Serviço Nacional de Saúde]", disse.
A Fnam vai juntar-se ao movimento "Uma Lista, Uma Vaga" e estará presente nas vigílias que terão lugar no próximo sábado, 28 de junho, às 19:30, em defesa do SNS e da Medicina Geral e Familiar (MGF).
As vigílias realizar-se-ão no Centro de Saúde Norton de Matos, em Coimbra, e na Câmara Municipal do Porto, onde estará presente a presidente da Fnam.
A federação associou-se também à petição pública "É urgente abrir todas as vagas em Medicina Geral e Familiar e garantir concursos de mobilidade regulares" (https://peticaopublica.com/?pi=PT125952), já com 3.225 assinaturas.
A petição apela à abertura de todas as vagas em MGF e à realização de concursos de mobilidade regulares para que a discussão chegue ao parlamento e sejam discutidas propostas úteis para manter a sustentabilidade do SNS.
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