Em declarações à agência Lusa, a investigadora do William James Center of Research (ISPA - Instituto Universitário) afirmou que as pessoas tendem a acreditar em desinformação, mesmo depois de estar explícito a origem dessa informação, devido a uma "preguiça cognitiva, uma codificação da informação na memória que é difícil de alterar".
Se determinada informação é confortável para determinada pessoa "há alguma dificuldade em ir procurar as suas fontes ou aquilo que pode ser verdade ou mentira", tornando difícil a sua correção, explicou.
Além disso, "o panorama da desinformação em Portugal atualmente é obviamente preocupante, começando pelo facto de poder moldar a memória, o que se estuda, mas também moldar comportamentos, ações e capacidade de tomada de decisão" podendo estar em causa consequências individuais, sociais, económicas ou políticas.
Para Magda Saraiva, características individuais, falta de literacia mediática, não saber onde procurar fontes credíveis e influência social, são fatores que contribuem para que as pessoas acreditem em desinformação, podendo também estar em cima da mesa o que chama de "efeito de ilusão de verdade".
"Se se tentar contradizer uma mentira com a verdade, essa informação, pelo facto de ser nova, vai ser considerada mais falsa, porque não é familiar", afirmou.
Neste sentido, a literacia mediática pode ser relevante para combater a desinformação, embora seja "obviamente um exercício muito difícil de pôr em prática a um nível massificado", afirmou.
"Não basta ir à televisão para dizer que uma informação é falsa, até porque, estando a contrariar, provavelmente estamos a reforçar a verdade da informação falsa e não a corrigi-la", pelo que as atuais estratégias de verificação de factos "são eficazes para as pessoas que querem conhecer a verdade [...] mas só se essa informação interessar".
Apesar disso, a académica afirmou que "não existe forma de acabar com a [circulação] desinformação", até porque as estratégias atuais "não são eficazes para toda a desinformação, senão não haveria desinformação e seria muito fácil corrigi-la".
"Há milhares e milhares de informações novas todos os dias e é completamente impossível rastrear toda a veracidade dessa mesma informação", por isso, "não é possível chegar com a verdade a toda a gente, porque as pessoas têm as suas próprias crenças pessoais e porque alguma verdade é também discutível", concluiu.
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