Na terça-feira, Luís Montenegro assumiu no parlamento que quer "apertar as regras" que regulam a imigração, mas prometeu manter o reagrupamento familiar, apesar dos apelos do partido de extrema-direita, Chega.
"Por mais restritivos que forem os regimes migratórios para impedir que as pessoas entrem legalmente no país, elas continuarão a vir", disse Andrew Crane, investigador da Universidade de Bath, no Reino Unido.
"Estão a fugir de guerras e conflitos, da pobreza, de regiões afetadas pelo clima, e, por isso, ainda vão querer vir para lugares onde acreditam que podem encontrar um trabalho melhor", referiu o britânico.
Com as vias legais mais apertadas, os migrantes "virão por rotas ilegais, (...) o que significa que estão nas mãos de traficantes, de contrabandistas", sublinhou o diretor do Centro para Negócios, Organizações e Sociedade.
Muitos migrantes endividam-se para tentar chegar à Europa, algo que os coloca "numa situação muito vulnerável quando chegam e acabam em situações em que podem ser mais facilmente explorados, através de trabalho forçado", disse Crane.
O investigador da Escola de Gestão da Universidade de Bath sublinhou que "apertar as regras" é uma tendência atual europeia, apesar de o continente precisar de trabalhadores migrantes devido ao envelhecimento da população.
Apesar de muitos países quererem atrair migrantes "altamente qualificados", Crane diz que, "na verdade, grande parte da procura é por trabalhadores com poucas qualificações", em empregos que a população local não quer desempenhar.
O académico defendeu que "abrir rotas legais de migração e garantir que as pessoas estão protegidas" quando chegam à Europa, nomeadamente através de leis sobre o salário mínimo, seria a melhor forma de impedir uma queda nos salários.
Crane falava à margem de um fórum sobre ética de negócios, organizado pela Universidade Cidade de Macau, em que discutiu o aumento da escravatura moderna em tempos de conflitos.
Um maior controlo na imigração é uma das linhas mestras do programa do novo Governo português, estando previsto o alargamento do um tempo mínimo de residência e presença efetiva em território nacional (atualmente em cinco anos) para a obtenção da nacionalidade e eliminando a possibilidade de a permanência ilegal ser considerada para efeitos de contagem.
Montenegro defendeu que "famílias de imigrantes integradas e bem integradas", bem como "estudantes imigrantes, é bom para a economia, é bom para o desenvolvimento do país", contrapondo que "o que é mau" é estarem no país imigrantes ilegais, é haver "falta de regras" e "incapacidade de fazer cumprir as regras".
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