Em causa está a publicação feita no domingo pela vereadora de Saúde, Assuntos Sociais e Direitos Humanos da Câmara Municipal de Cascais, Carla Nunes Semedo, na qual esta relatou que a sua filha de 17 anos foi alvo de comentários racistas por parte de um motorista de autocarro.
A jovem, negra, terá ouvido do motorista que "não transportava animais", num episódio ocorrido na sexta-feira, pelas 22h30, numa paragem de autocarro em Carcavelos.
Questionada pela Lusa, a Viação Alvorada - que presta serviços à Carris Metropolitana - respondeu hoje, por escrito, que o inquérito, aberto "de imediato", ainda se encontra a decorrer.
Sem responder à pergunta sobre se o motorista continua em funções, a transportadora adiantou que estão previstas "ações de formação, reciclagem e procedimentos disciplinares" para responder a "situações que se desenquadrem" das regras de funcionamento.
"Em todas as formações é intensificada a conduta de um bom profissional, quer em relação à ética profissional, quer em relação à importância de proceder com urbanidade para com todos", refere a empresa.
Questionados antes, os Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), entidade na qual a Área Metropolitana de Lisboa delega competências nos domínios da mobilidade e dos transportes, esclareceram, em resposta à Lusa, que o caso envolveu um motorista da Viação Alvorada.
Os TML comprometeram-se com o "cabal esclarecimento" do episódio relatado e instaram a Viação Alvorada a tomar "providências que o caso exige", ressalvando que "os motoristas ao serviço da Carris Metropolitana são trabalhadores dos operadores responsáveis pela prestação do serviço de transporte rodoviário".
Entretanto, a vereadora independente eleita nas listas de coligação PSD/CDS-PP, que lidera o executivo camarário de Cascais, confirmou hoje à Lusa que já formalizou a denúncia de racismo junto dos TML, a quem pediu a identificação do motorista de autocarro, para poder apresentar queixa também na polícia.
Na publicação que fez no domingo, nas redes sociais, Carla Nunes Semedo divulgou uma fotografia com a filha, denunciando que esta "foi vítima de um ataque racista" e prometendo que não permitirá "que o preconceito se sente ao volante do que é público".
A vereadora e psicopedagoga escreveuh "O condutor de autocarro achou por bem dizer-lhe que não transportava animais. Sim, em 2025. Em Portugal. Em Cascais."
Carla Nunes Semedo justificou assim a publicaçãoh "É duro escrever isto. Mas é mais duro calar. A quem ainda alimenta discursos racistas, com palavras ou com silêncios cúmplices, deixo um recado claroh nós já não somos os mesmos. Não somos mais aqueles que, por respeito ou medo, engoliam em seco o ódio disfarçado de 'opinião'. Não somos mais os que aceitavam ofensas em nome da paz social."
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