"Temos que aumentar o nosso investimento em Defesa, temos que o fazer não comprando, comprando e comprando fora mas idealmente aproveitando a oportunidade para reforçar a atividade económica, industrial e de serviços relacionados que são contabilizáveis para efeitos de despesa em Defesa e, portanto, esse é o caminho que traçamos", defendeu António Leitão Amaro, no "briefing" após a reunião do Conselho de Ministros, em Lisboa.
O governante foi questionado sobre as declarações do Presidente da República, Marcelo Revelo de Sousa, que na terça-feira sugeriu maior elasticidade na contabilização das despesas e investimentos da Defesa para se atingir 2% do PIB, alegando que essa prática é seguida em outros países e que Portugal tem critérios rígidos.
"Temas de contabilização para efeitos de contas públicas, ou outros, não me vou pronunciar sobre eles aqui", respondeu Leitão Amaro, que realçou apenas que Portugal já pediu à Comissão Europeia a ativação da cláusula que permite uma exceção ao cumprimento das regras orçamentais para acomodar o aumento de despesa na área da Defesa.
Na ótica de Leitão Amaro, o que interessa aos portugueses "é se é para fazer, e como".
"Se é para comprar simplesmente, ou aproveitar como uma oportunidade histórica para criar atividade económica, conhecimento, investigação, qualificação de trabalhadores e, por isso, aproveitar como uma oportunidade de capacitar o país", insistiu.
Interrogado sobre como é que o Governo pretende alcançar os 2% do PIB em despesas militares ainda este ano, possibilidade admitida pelo chefe do executivo, Luís Montenegro, "se possível", Leitão Amaro adiantou que o programa do executivo -- que será entregue ao parlamento no sábado -- contém "alguma compra de equipamentos" mas "a grande ideia é aproveitar isto como uma estratégia de investimento na nossa capacidade produtiva".
"E não é necessariamente apenas equipamento militar, como as pessoas estão habitadas a pensar. Há várias infraestruturas, tecnologias, pessoas que podem ter múltiplas funções e que podem contribuir para reforçar a nossa Defesa, incluindo a ciberdefesa, que contam para estas metas", exemplificou.
Leitão Amaro insistiu que o aumento em investimento nesta área de soberania não significa "corte de apoios sociais, nem das funções sociais do Estado".
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