"A pobreza que enfrentamos já não se vê só nas ruas - sente-se nas casas"

O presidente da Cruz Vermelha Portuguesa apelou hoje à mobilização da sociedade civil para apoiar os projetos da instituição que ajudam a combater a pobreza e a solidão, lembrando que "não o pode fazer sozinha".

Entrevista ao presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, António Saraiva

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Lusa
06/06/2025 13:46 ‧ ontem por Lusa

País

Cruz Vermelha

"A pobreza que enfrentamos já não se vê só nas ruas - mas sente-se nas casas, nas mesas vazias, na solidão. E é por isso que a Cruz Vermelha tem de estar no terreno, todos os dias. Mas não o pode fazer sozinha. Precisamos de todos. Da mobilização da sociedade civil, das empresas e das entidades públicas. Precisamos de apoios para continuar a chegar a quem precisa, onde precisa, quando precisa", afirmou o presidente da Cruz Vermelha Portuguesa.

 

António Saraiva defendeu que "a resposta social tem de ser uma prioridade nacional": "Temos de inverter o ciclo da exclusão, e isso exige investimento, estratégia e compromisso. A Cruz Vermelha está pronta. Mas não chega sermos resilientes. Precisamos de meios. Só assim transformamos solidariedade em dignidade."

O apelo da Cruz Vermelha surge na semana em que foi divulgado o estudo 'Portugal, Balanço Social 2024', que revelou que há menos pessoas em risco de pobreza, mas ainda são 1,8 milhões, estando em maior perigo os idosos, as famílias com filhos, os imigrantes e os desempregados.

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Lusa | 07:11 - 04/06/2025

Uma em cada dez famílias vive com menos de 300 euros por mês, segundo o estudo levado a cabo por quatro investigadores da Nova SBE: Bruno P. Carvalho, João Fanha, Miguel Fonseca e Susana Peralta, que alerta ainda para os casos de quem vive na pobreza mesmo tendo um emprego.

A realidade social retratada no estudo "não é apenas estatística - é vivida, todos os dias, nas respostas que a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) assegura em todo o país", salienta a organização que tem projetos no terreno para combater estes fenómenos.

No ano passado, mais de 35 mil pessoas foram apoiadas com o programa de apoio alimentar da CVP, através das 96 estruturas locais e dezenas de parcerias comunitárias.

Segundo a Cruz Vermelha, as mulheres e as famílias monoparentais são os maiores beneficiários deste projeto.

No que toca a habitação, a Cruz Vermelha lançou o programa 'Mais Feliz' que ajuda as famílias, nomeadamente a pagar rendas e cauções, tendo o projeto crescido "47,6% face ao ano anterior".

Já no domínio da violência doméstica, foram acolhidas 740 mulheres em estruturas de emergência (crescimento de 13,5% em relação ao ano anterior), destacando-se um aumento de vítimas com formação superior e de nacionalidade estrangeira.

Para combater a solidão e o isolamento social, o serviço de Teleassistência da CVP recebeu mais de 32 mil chamadas, sendo que mais de metade (57%) foram motivadas por situações de solidão. O serviço realizou ainda cerca de 145 mil chamadas proativas para verificar o bem-estar dos utentes.

No apoio às pessoas em situação de sem abrigo, a CVP salienta que "os dados são alarmantes" com 76% de aumento nos beneficiários apoiados pelas equipas de rua e uma subida de 34% nas refeições diárias servidas.

"O ano de 2024 reafirmou a resiliência e relevância da rede da Cruz Vermelha Portuguesa, presente de forma ativa e contínua em todo o território nacional", afirma a CVP, reforçando a necessidade de mais apoios.

Leia Também: Cruz Vermelha pede "medidas urgentes" na Faixa de Gaza: "Intolerável"

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