Apesar das várias controvérsias que marcaram a sua governação de cerca de um ano, a farmacêutica, nascida na Guiné-Bissau em 4 de novembro de 1965, volta a merecer a confiança de Luís Montenegro, que a considerou uma "mulher de armas" e que a escolheu para cabeça de lista da AD pelo distrito de Vila Real.
No seu "currículo" como ministra, cargo que assumiu no início de abril de 2024, tem como medidas mais emblemáticas a implementação do plano de emergência e transformação para a saúde aprovado nos primeiros 60 dias da governação, o acordo de valorização salarial com médicos e enfermeiros e a pré-triagem das grávidas, para aliviar a pressão dos serviços de urgência.
Mas o primeiro ano de Ana Paula Martins na liderança do ministério ficou também marcado por várias polémicas, como a demissão do primeiro diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, a substituição de várias administrações hospitalares, a anunciada refundação do INEM devido à falta de meios e a intenção não concretizada de atribuir centros de saúde à gestão privada e de avançar com parcerias público-privadas para vários hospitais.
A situação do INEM levou mesmo Ana Paula Martins a chamar a si a competência direta do instituto, depois de, em novembro do ano passado, duas greves em simultâneo - da administração pública e dos técnicos do INEM às horas extraordinárias -- ter evidenciado a falta de meios.
As mortes de 11 pessoas alegadamente associadas a falhas no socorro do INEM motivaram a abertura de inquéritos no Ministe´rio Pu´blico e a uma inspeção por parte da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, ainda sem conclusões conhecidas.
Vários desses processos levaram mesmo a oposição e alguns sindicatos a pedir a demissão de Ana Paula Martins, que se debateu ainda com o encerramento temporário de várias urgências de obstetrícia e pediatria, principalmente em Lisboa e Vale do Tejo, por falta de médicos suficientes para assegurar as escalas.
A farmacêutica vai assumir de novo o cargo ainda com o problema da falta de médicos de família por resolver: quando entrou para o Governo, em abril de 2024, 1.565.880 utentes não tinham médico de família e estão agora nessa situação 1.633.701, quase mais 68 mil pessoas do que quando iniciou funções.
A ministra da Saúde é licenciada em Ciências Farmacêuticas pela Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa em 1990 e tem um mestrado em Epidemiologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa e um doutoramento em Farmácia Clínica.
Durante mais de 20 anos foi professora auxiliar da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, dirigiu o Centro de Estudos de Farmacoepidemiologia da Associação Nacional de Farmácia, entre 1994 e 2006, e desempenhou o cargo de bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, entre 2016 e 2021.
Na política, ocupou o cargo de vice-presidente do PSD de dezembro de 2021 a maio de 2022 e foi eleita deputada à Assembleia da República pela AD na XVI Legislatura, tendo sido reeleita nas eleições legislativas deste mês.
O último cargo que ocupou antes de ser ministra foi de presidente do conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), atual Unidade Local de Saúde (ULS) Santa Maria, que assumiu em 01 de fevereiro de 2023 e que deixou um ano depois.
Ana Paula Martins foi nomeada para presidente do CHULN pelo diretor executivo do SNS, Fernando Araújo.
A proposta de nomeação de Ana Paula Martins consta de uma nota no portal da Presidência da República, divulgada após o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, ter aceitado a lista de ministros do XXV Governo Constitucional entregue pelo primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro.
Luís Montenegro, e os ministros do XXV Governo Constitucional deverão tomar posse na quinta-feira, às 18:00, e os secretários de Estado na sexta-feira.
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