"Nós não só estamos a fazer um esforço muito grande para sermos mais atrativos para os jovens que querem vir connosco e seguir esta área das engenharias, como estes eventos [Artex] são importantes para verem o quão evoluído está o Exército e a grande aposta que estamos a fazer na ciência e tecnologia", disse hoje à Lusa o general Eduardo Mendes Ferrão, no Campo Militar de Santa Margarida, em Constância, no distrito de Santarém.
O Exército concluiu hoje o maior exercício de experimentação tecnológica da componente terrestre - ARTEX (Army Technological Experimentation) -, na sua terceira edição, que envolveu desde 19 de maio, naquele Campo Militar, 55 projetos de 36 empresas, públicas e privadas, sendo o mesmo dedicado e aberto ao tecido empresarial, tecnológico e académico nacional e internacional.
"Nenhum país tem a capacidade de modernizar totalmente o seu Exército. O que nós temos vindo a fazer é promover o encontro entre a academia, a indústria nacional e internacional, apresentando uns e outros, dizendo aquilo que nós queremos e aquilo que nós precisamos, e fomentar uma cooperação muito estreita entre estes quatro pilares", declarou o general CEME.
"Eu dou sempre um exemplo: nós, mesmo que não consigamos construir um carro de combate, somos capazes de pôr 30% a 40% dos componentes do carro de combate com o fabrico nacional. E, aí, é uma oportunidade única para a nossa indústria e para a nossa academia", explicou.
Mendes Ferrão, que apelou ao "sonho", à "ambição" e ao "desassossego" dos jovens e dos militares, destacou um exercício Artex que permite "acreditar" num "novo Exército" português.
"Eu gosto muito que os homens e mulheres que servem no Exército sonhem, tenham ambição, não se limitem, acreditem. E nós, muitas vezes, fazemos coisas que não vão ser concretizadas na nossa vida ou no nosso mandato. E nós estamos hoje a assistir, aqui neste exercício, a essa concretização porque, de facto, acreditamos (...) e estamos a fazer acontecer coisas e ter soluções, algumas delas pioneiras a nível mundial", afirmou.
O militar destacou ainda uma aposta de futuro tendo afirmado que o Exército tem uma visão a 20 anos.
"Nós, no Exército, temos já o desenho da nossa força para 2045. Nós sabemos onde queremos chegar. Não estou a dizer que sabemos todos os equipamentos que vamos querer, mas sabemos a força que queremos ter. E vai ser uma força muito moderna, tecnologicamente muito evoluída, muito flexível e, sobretudo, que vai permitir responder a todas as solicitações que venham a ser feitas, nacional ou internacionalmente", declarou.
Nesta terceira edição, o Artex contou com a presença de 36 entidades, do foro industrial, de investigação e académico, envolvendo 55 projetos na área dos sistemas aéreos não tripulados (20), sistemas terrestres não tripulados (5), sistema anti-drone (2), sistemas de comando e controlo (6), sistemas de proteção passiva (4), sistemas de comunicação e hardware (5), mobilidade tática (1), geração de energia (1), equipamento individual (4), e manutenção e fabrico aditivo (2), soluções adequadas às necessidades do Exército.
"Nós fomos capazes de dizer à academia e à indústria aquilo de que precisamos. A indústria e a academia não estão a fazer coisas per si, estão connosco a desenvolver soluções tecnológicas que servem a força terrestre, e tem tido resultados excelentes, felizmente", disse o general CEME, tendo reiterado o objetivo de "dar um novo Exército" aos jovens e ao país.
"A minha grande responsabilidade é dar um novo Exército aos jovens que hoje estão a entrar na academia militar e nas escolas de sargentos do Exército. E eles têm que acreditar que o Chefe do Estado-Maior do Exército acredita", afirmou.
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