"Com esta proposta da Câmara Municipal do Porto estamos, na verdade, perante uma maquilhagem e disfarce de um atentado ao património cultural da cidade", referiu o Círculo Almeida Garrett, em comunicado.
Esta vontade da autarquia, liderada pelo independente Rui Moreira, não representa uma solução, mas uma destruição da casa, impossibilitando criar "um tão desejado" centro cultural dedicado a Garrett, à sua obra e legado cultural, ao liberalismo e ao romantismo, entendeu.
Na segunda-feira à noite, o presidente da Câmara do Porto disse que a autarquia está a tentar comprar a parte de baixo da casa onde nasceu o escritor Almeida Garrett, com vista a ali instalar um polo do Museu do Liberalismo.
"Aquilo que estamos a tentar é ficar com a parte de baixo do edifício e permitir que na parte de cima do edifício ele possa promover habitação, porque o museu na vertical não faz grande sentido", disse Rui Moreira na sessão extraordinária da Assembleia Municipal.
Manifestando protesto e repúdio por esta intenção, o Círculo Almeida Garrett salientou que esta ideia é "mesmo ofensiva" da memória do escritor e da sua importância para a cidade.
O Círculo Almeida Garrett lembrou que há diversas associações e movimentos cívicos do Porto, encabeçados pelo Teatro Plástico, que pedem que a casa seja transformada numa Casa-Museu.
Na sua opinião, Rui Moreira deveria ter classificado este imóvel "não permitindo que fosse incluído, como foi, num mesmo lote especulativo por um fundo imobiliário com as casas do lado de forma a criar uma construção interna nova que pretende destruir completamente os interiores das várias casas mantendo apenas as fachadas, prosseguindo uma desastrosa estratégia de fachadismo que está a descaracterizar a cidade do Porto".
O Círculo Almeida Garrett garantiu que vai continuar a pugnar pela preservação integral da casa onde nasceu Garrett e pela criação da Casa Garrett, Casa-Museu e Centro Cultural onde a memória do escritor e do seu legado possam ser condignamente evocados e homenageados.
Em meados de novembro, durante uma reunião do executivo, o presidente da Câmara do Porto esclareceu que a avaliação externa solicitada pelo município indicava que a casa de Almeida Garrett valia cerca de 1,5 milhões de euros.
Uma semana antes, o Porto Canal avançava que a casa do escritor tinha sido colocada à venda pela imobiliária portuense Metro3, e segundo a imobiliária o lote tinha Pedido de Informação Prévio (PIP) aprovado para "edifício de apartamentos e comércio, com 13 frações, contando ainda com projeto de arquitetura para Hotel de Charme de 29 quartos e um restaurante, o que permite uma diversificação de abordagem para investimento".
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