"Essa também é uma falha do Estado português e também é uma falha do Governo português, que não reconhece sequer o Estado da Palestina", apontou Mariana Mortágua, depois de referir que a Habitação foi "a principal falha" do Governo da Aliança Democrática.
"[Portugal] Tem não só de fazer este reconhecimento, mas tem de ir muito mais além. É preciso impor sanções a Israel. É preciso garantir que não há importação por parte de Israel de produtos que vêm de territórios ilegalmente ocupados contra o direito internacional", referiu a líder bloquista.
Para Mariana Mortágua, o Governo deve tomar uma posição além de reconhecer Gaza como um Estado: "É preciso que o Estado português, mesmo em gestão, tome posição sobre o genocídio de Gaza em vez de vermos o ministro [nos Negócios Estrangeiros] Paulo Rangel ir reunir com representantes do governo israelita".
A líder bloquista apontou também o dedo à politica da União Europeia em relação a Israel: "É preciso, de uma vez por todas, acabar com o acordo de associação entre a União Europeia e Israel, um acordo que diz que não tem validade se os direitos humanos forem violados".
"E eu pergunto-lhes quantos direitos humanos, quantas alíneas da Carta dos Direitos Humanos é que Israel está a violar todos os dias, enquanto assassina crianças, enquanto bombardeia hospitais, enquanto mata funcionários da ONU em Gaza", questionou.
A politica do atual Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação a Israel e Gaza foi igualmente criticada pela líder do BE. "O que Israel está a fazer com Gaza, está a fazer porque tem o aval de Trump", sustentou.
Mas as politicas de Trump, segundo Mariana Mortágua, não se fazem sentir apenas em Gaza, mas também naquilo "que se está a passar na Ucrânia, com Trump e Putin a dividirem os recursos ucranianos como se tratasse um território colonial em que os senhores imperiais, os oligarcas dividem entre si os minérios e os recursos da Ucrânia" o que considerou inaceitável.
Segundo a líder do BE "que a Europa se coloque numa situação, e Portugal também, de subserviência, a olhar para estes ditadorezinhos a dividirem os recursos do mundo, também é inaceitável.
"A resposta para isto não pode ser mais bombas, mais armas, porque a ameaça à nossa democracia não vem das bombas e das armas. Vem principalmente da desinformação, da manipulação das eleições, vem do controlo de infraestruturas que são estratégicas e que vão desde a energia até às questões digitais, aos capos submarinos, aos centros de dados", alertou.
A solução, apontou, é "olhar para a soberania portuguesa, da Europa com outros olhos".
"Parar para pensar e não aceitar acriticamente o caminho que nos querem impor, que é um caminho em que a Europa vai desistir do seu estado social, vai desistir da sua saúde, do seu modelo social, da sua liberdade, para entrar numa corrida armamentista, como uma suposta defesa contra Trump, quando na verdade o que está a fazer é alimentar a indústria do armamento, porque acha que a indústria automóvel já deu o que tinha a dar", disse.
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