A diretora-geral da Alimentação e Veterinária, Susana Pombo, explicou hoje à Lusa que este acordo tripartido permitirá pôr os alunos de ciências veterinárias do Instituto Universitário Ciências da Saúde, em contacto com uma atividade na área da segurança dos alimentos, para a qual, atualmente, há carência de profissionais.
"A grande maioria dos alunos, quando entra, a sua ambição não é trabalhar na área da segurança dos alimentos, mas sim na área da clínica de pequenos animais", anotou.
A situação de dificuldade de captação de novos profissionais para trabalhar nestas áreas específicas, prosseguiu, também afeta a tutela.
Sinalizou, a propósito, que "a administração precisa de quem pode executar os controlos oficiais previstos na legislação da União Europeia, especialmente nestas áreas".
"Na União Europeia, todos os animais abatidos para consumo têm que ter as suas carcaças inspecionadas por um profissional de saúde, que obrigatoriamente tem de ser médico veterinário", acentuou.
A diretora-geral mostrou-se segura de que a proximidade dos estudantes a outras áreas do exercício da profissão, consignada neste protocolo, "auxilia a todos numa expectativa de conseguir encontrar novos talentos, novas competências nestas áreas da segurança dos alimentos".
"Este acordo significa que, enquanto estamos a exercer o nosso controlo, estes alunos podem estar a ver e a acompanhar. Além disso, temos o pessoal técnico de cada um dos operadores económicos que também acompanha. Por isso, [os estudantes] conseguem perceber exatamente qual é o papel da cada entidade e o que se espera do exercício da profissão", explicou.
O curso de ciências veterinárias do Instituto Universitário Ciências da Saúde, da Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário (CESPU), é lecionado em Paredes, no distrito do Porto, há cinco anos e conta atualmente com cerca de 290 alunos.
Nuno Vieira e Brito, docente naquele estabelecimento de ensino privado, admitiu, também, a carência de profissionais na área da segurança alimentar, com a qual se pretende pôr os alunos em contacto, estimulando novos profissionais.
Em declarações à agência Lusa, destacou que se deseja para os alunos, nos termos do acordo hoje assinado, "uma formação muito mais prática e que intervenham diretamente nas suas competências, naquilo que legalmente é permitido, na área da inspeção sanitária, da qualidade e da segurança alimentar".
"A população dos nossos alunos é extraordinariamente urbana e não tem conhecimento das diferentes necessidades da produção animal e o impacto que isso tem, não só no setor económico, mas também do ponto de vista da saúde pública e da saúde animal", destacou.
A maior proximidade com as sete empresas do setor das carnes, abrangidas neste protocolo, segundo o docente, vai permitir aos futuros médicos veterinários "uma perspetiva que não têm, porque são muito urbanos".
"Compete-nos aqui dar uma outra abordagem", concluiu.
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