De acordo com o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP) para as regiões Centro e Norte, Hélder Borges, a Auto Viação Feirense, que opera no lote 4 da rede Unir (Vila Nova de Gaia e Espinho) através da subsidiária Transportes Beira Douro, e está subcontratada para operar parte do lote 2 (Gondomar, Paredes, Santo Tirso e Valongo), "não cumpre com o contrato coletivo de trabalho e não paga devidamente aos trabalhadores".
Em declarações à Lusa, Hélder Borges disse ainda não dispor de dados em relação à adesão no lote 2 (Gondomar, Paredes, Santo Tirso e Valongo), mas apontou para "os 80%, no geral".
Questionada hoje pela Lusa, a porta-voz da empresa, Thais Mateus, afirmou que a paralisação ronda "os 5% de adesão" nos dois lotes (2 e 4) da rede Unir.
"As condições de trabalho estão a degradar-se de dia para dia, em termos de manutenção de viaturas e limpeza das viaturas. A pressão sobre os trabalhadores é cada vez maior", disse Hélder Borges.
O dirigente sindical refere que, para cumprirem os horários, "os trabalhadores andam até a pôr em causa a segurança rodoviária, os serviços ficam por fazer porque não há condições para os fazer", pedindo melhor organização das escalas.
"Foi-nos transmitido pela empresa que estão a cumprir cerca de 40% dos serviços. É uma vergonha. Metade dos serviços ficam por fazer", disse o sindicalista.
Segundo o sindicalista, "depois, os trabalhadores são pressionados pelos utentes pelos atrasos" e "quem ouve é o trabalhador", pois "é claro que se o autocarro vai atrasado, o utente vai pôr o problema ao trabalhador".
Em declarações à Lusa, Thais Mateus negou, considerando que os números avançados pelo sindicato "são disparatados".
"Lutamos todos os dias para fazer 100% de serviço. Desde que os trabalhadores cumpram o seu serviço, a empresa faz 100%", vincou, admitindo que "pontualmente há um trabalhador que pode ou incumprir ou avisar em cima da hora que vai incumprir", condicionando o serviço.
Entre outras reivindicações avançadas pelos trabalhadores estão a subida do valor do subsídio de refeição, atualmente em 5,5 euros, e a redução do tempo de intermitência (tempo de pausa entre serviços) de três para duas horas.
"Os trabalhadores não têm uma casa de banho digna para estar, não têm uma sala de refeições, estão a viver 10 e 12 trabalhadores imigrantes numa casa, a empresa está a cobrar dinheiro a esses trabalhadores", disse ainda o dirigente sindical.
Helder Borges acrescentou que estas situações já foram denunciadas à Segurança Social e à Autoridade para as Condições de Trabalho, que já esteve na empresa, mas mantém-se "tudo igual".
Thais Mateus disse hoje à Lusa que as instalações cedidas pela empresa aos trabalhadores "são temporárias, até que possam arranjar a sua própria habitação", negando que haja "excesso de lotação das casas".
Já sobre as reivindicações relativas à limpeza das viaturas, ao subsídio de alimentação e ao horário de intermitência, a responsável referiu que tal está estabelecido no contrato coletivo de trabalho (CCT) e deve ser negociado com a associação do setor, a Associação Nacional de Transportes de Passageiros (ANTROP).
"Dada a indisponibilidade da empresa para dialogar com os trabalhadores, foi já agendado novo plenário para 28 deste mês e greve para 02 de dezembro", acrescentou o dirigente sindical.
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