Ministra incontactável? MAI reage a autarca de Arouca e nega "contacto"
O gabinete de Margarida Blasco respondeu às acusações da presidente da Câmara de Arouca num comunicado.
Notícias ao Minuto | 16:05 - 19/09/2024© Global Imagens/José Carmo
País Incêndios
A ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, foi alvo de críticas ao longo dos últimos dias devido ao seu silêncio sobre os incêndios. Na quinta-feira, as críticas tomaram outras proporções quando a presidente da Câmara de Arouca, Margarida Belém, revelou que tentou contactar a governante, mas esta tinha "o telemóvel desligado".
Em declarações aos jornalistas, onde fazia um ponto de situação sobre o incêndio que deflagrou no concelho, a autarca revelou que sentiu "falta de quem lidera" durante a primeira noite de combate às chamas e que a "senhora ministra o tinha efetivamente desligado".
E criticou: "Nos momentos críticos, nas grandes dificuldades que são imputadas aos responsáveis das Câmaras, é importante que quem lidera conheça a realidade".
O Ministério da Administração Interna apressou-se a esclarecer o sucedido, garantindo, em comunicado, que tentou o "contacto direto" com a autarca, "quer para o seu telemóvel, quer para os Paços do Concelho de Arouca", mas sem sucesso, "pese embora a insistência".
"Julgamos que o momento deve ser de união e de esforço comum e conjunto para salvaguarda de vidas humanas e os seus haveres. (…) Foi com total surpresa que tomámos conhecimento de uma notícia em que se relata que a senhora presidente da Câmara Municipal de Arouca, terá tentado contactar a senhora ministra da Administração Interna, sem temporalizar o momento em que tal terá acontecido, e não terá conseguido o contacto", acrescentou a nota.
Já a própria ministra viria ao final do dia, quando questionada sobre o assunto numa conferência de imprensa, explicar que foi verificar os seus contactos e não tinha qualquer telefonema da autarca porque o número de telefone que lhe foi dado não era o seu.
Margarida Blasco acrescentou ainda que o secretário de Estado da Proteção Civil "ainda hoje [quinta-feira] falou com a senhora presidente da câmara, assim como fez praticamente com todos os autarcas deste país".
Ministra quebrou o silêncio ao quinto dia de incêndios
A ministra da Administração Interna fez a sua primeira declaração pública ao quinto dia de incêndios em Portugal numa conferência de imprensa na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em Carnaxide, Oeiras, e justificou o seu silêncio com o conselho das autoridades para "que não haja intervenções desadequadas e desnecessárias" no teatro de operações.
"Aconselham que não haja intervenções e presenças desadequadas nos teatros de operações, por ser o tempo de informar sobre os pontos de situação ou recomendações necessárias. Foi o que fizemos", afirmou.
Margarida Blasco referiu haver "tempo para prevenir", "para agir", "para acompanhar funerais". "E, finalmente, há o momento, como este, para falarmos ao país", disse.
Na conferência de imprensa, explicou ainda que os incêndios que lavram em Portugal continental têm sido combatidos "com o maior dispositivo de combate alguma vez mobilizado" no país.
Citando dados da ANEPC, Margarida Blasco disse que entre sábado e quarta-feira "foram registadas 1044 ignições (incluindo 416 em período noturno), empenhados 37.772 operacionais, 10.639 meios terrestres e efetuadas 827 missões aéreas de combate, a que correspondem 8.757 descargas".
A ministra recusou, contudo, responder se houve falhas no combate aos incêndios, mas revelou que será elaborado um relatório.
"Ainda temos fogos neste momento, portanto, no final quando estivermos a fazer o rescaldo, quando se fizer o ponto da situação, faremos o relatório e, como sempre, apreenderemos e iremos e estaremos à vossa disposição para esclarecer se houve ou não houve falhas, se tudo correu bem, mas isso tem também o seu tempo", explicou.
Sete pessoas morreram e 161 ficaram feridas devido aos incêndios que atingem desde domingo sobretudo as regiões Norte e Centro do país, nos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real, Braga, Viseu e Coimbra, e que destruíram dezenas de casas. A ANEPC contabiliza cinco mortos, excluindo da contagem dois civis que morreram de doença súbita.
A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 121 mil hectares, de acordo com o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões Norte e Centro já arderam mais de 100 mil hectares, 83% da área ardida em todo o território nacional.
O Governo declarou situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias e sexta-feira dia de luto nacional
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