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Casamento em zona protegida da Madeira gera polémica. GNR investiga

Apesar de se tratar de uma área integrada na Floresta Laurissilva, classificada como Património Mundial da Humanidade, o presidente do Governo da Madeira já desvalorizou as críticas, defendendo que estes espaços são para usufruto da população.

Casamento em zona protegida da Madeira gera polémica. GNR investiga
Notícias ao Minuto

00:20 - 19/09/24 por Tomásia Sousa com Lusa

País Madeira

A realização de uma festa de casamento na zona protegida do Fanal, na ilha da Madeira, está a gerar polémica, e a Guarda Nacional Republicana (GNR) está a averiguar o caso.

 

A festa, alegadamente autorizada pelo Instituto de Florestas e Conservação da Natureza, passou pela instalação de uma tenda gigante e deixou o local com lixo, posteriormente limpo.

Segundo o Diário de Notícias da Madeira, a GNR recebeu uma denúncia a dar conta do casamento que se realizou no passado sábado, mas ainda não foi aberto nenhum processo.

Apesar de o Fanal ser uma área integrada na Floresta Laurissilva, classificada como Património Mundial da Humanidade, o presidente do Governo da Madeira já desvalorizou a polémica, defendendo que estes espaços são para usufruto da população.

"Se não houve afetação do ecossistema e foi tudo limpo não acho que isso seja um problema", afirmou Miguel Albuquerque, para depois acrescentar: "As áreas protegidas são para serem usufruídas pela população e pelas famílias. Elas são protegidas. Desde que se tenham medidas cautelares de ficar tudo sem danos e tudo limpo, acho que não tem nenhum problema."

A Iniciativa Liberal/Madeira partilhou, na segunda-feira, imagens do local da festa nas redes sociais, onde revelou também uma série de perguntas que enviou à secretária regional de Agricultura, Pescas e Ambiente por aquilo que classificou como uma "aberração".

Entre as interrogações, o partido questiona como foi possível autorizar um evento com um número tão elevado de participantes numa zona protegida, que critérios foram utilizados para essa luz verde ou que medidas foram tomadas para garantir que a limpeza fosse efetuada.

O PAN/Madeira indicou que vai apresentar "queixa formal" na UNESCO contra o Instituto de Florestas e Conservação da Natureza (IFCN) por ter autorizado a festa na área protegida no Fanal, no norte da ilha.

"A permissão para a realização de eventos privados em áreas de sensibilidade ecológica demonstra uma total falta de noção da importância da defesa deste património, que é de todos e que deve ser protegido de forma intransigente", refere o partido em comunicado.

O PAN sublinha que o Fanal, no concelho do Porto Moniz, é uma área da floresta laurissilva, classificada como património natural da humanidade desde 1999 pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

Já o partido Juntos Pelo Povo (JPP) anunciou que vai enviar, através da Assembleia da Madeira, um pedido de esclarecimento à secretária da Agricultura, Pescas e Ambiente da região sobre a realização da festa de casamento naquela zona protegida.

"O requerimento do JPP com as questões dirigidas a Rafaela Fernandes dará entrada esta quinta-feira na ALM (Assembleia Legislativa da Madeira). A secretária regional tem 30 dias para devolver as respostas ao JPP. O partido espera que a governante não esgote o prazo", lê-se no comunicado.

O documento refere que no sábado (14 de setembro), a governante deslocou-se à Festa da Piedade, na freguesia do Caniçal, no concelho de Machico, onde apelou "às boas práticas ambientais".

"Nesse mesmo dia, na área primitiva do Fanal, protegida pela UNESCO, realizou-se uma festa de casamento com mais de 200 convidados, tendo gerado um amontoado de lixo, até à manhã do dia seguinte à festa, num cenário desolador que incluiu ramos de árvores nativas, como o folhado (Clethra arborea), selvaticamente decepados e atirados ao chão", menciona.

Também o núcleo regional da Quercus - Madeira reagiu ao caso, referindo que "não se entende" como é que foi permitido o evento que contou "com mais de 200 pessoas, nesta área protegida" e lembrando que o Fanal é uma "zona de repouso e silêncio".

Leia Também: Albuquerque desvaloriza polémica com festa em zona protegida no Fanal

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