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Estudante moçambicano denuncia agressões e racismo num bar em Lisboa

Estudante alega ter sido alvo de agressões, juntamente com outro jovem, após terem sido impedidos de entrar num bar. Estabelecimento nega discriminação racial.

Estudante moçambicano denuncia agressões e racismo num bar em Lisboa
Notícias ao Minuto

19:51 - 05/08/24 por Carmen Guilherme

País Lisboa

Um estudante moçambicano alega ter sido agredido e alvo de racismo, juntamente com outro jovem, por parte dos seguranças do bar Oásis by Aché, em Lisboa, na madrugada de domingo. O estabelecimento já se pronunciou e, sem nunca se referir às alegadas agressões, recusou qualquer discriminação racial.

 

Ao Notícias ao Minuto, Aires Chichava, que destaca o bom acolhimento que sempre recebeu por parte dos portugueses nos seis meses que está em Portugal, denunciou ter sido "vítima de racismo e agressões na madrugada de ontem, 4 de agosto".

O jovem, imigrante moçambicano que está a fazer um curso de Engenharia Informática e de Computadores no Técnico Lisboa, alega que tudo aconteceu na discoteca/bar Oásis by Aché, onde, juntamente com "outro jovem negro", identificado como Edilson, foi vítima "de brutalidade e racismo pelos seguranças (brancos) do estabelecimento".

"Fomos barrados na entrada sob a desculpa de que o local estava cheio e que deveríamos aguardar. O que aconteceu em seguida deixou-nos surpresos e indignados, pois não entendíamos por que motivo outros podiam entrar e nós não. Logo percebemos que se tratava de racismo e protestámos", contou, referindo que "outras pessoas brancas, que não estavam juntas, chegavam e entravam". 

O jovem terá avisado "que iria gravar a situação, mas os seguranças alegaram direitos de imagem e, em respeito," não procedeu à gravação. "Continuámos a questionar o motivo daquela discriminação e, segundos depois, o Edilson foi agredido com socos. O Edilson, que é deficiente físico (com o braço esquerdo paralisado), ficou com hematomas na cara e feridas na boca", relatou, referindo que só um dos dois seguranças no local é que esteve envolvido nas agressões. 

Pouco depois de ver o amigo ser agredido, Aires Chichava diz que foi "derrubado no chão e também agredido com socos, ficando indefeso" no chão.

"Neste momento, não consigo comer alimentos sólidos, pois os meus dentes da frente estão abalados, as minhas gengivas feridas, a minha boca inflamada e a minha cara machucada", afirmou. 

O estudante deslocou-se ao Hospital de São Francisco Xavier, onde lhe foi dito que não tinha nenhuma fratura, mas onde lhe foi recomendado uma ida ao dentista, estando já a receber tratamento. O outro jovem, apesar dos ferimentos sofridos, optou por não se deslocar a qualquer unidade hospitalar.

Aires Chichava confirmou que o estabelecimento entrou em contacto consigo, referindo que "não era um caso de racismo", mas o jovem insiste na sua versão, frisando que quer partilhar a sua história para "empoderar outras pessoas a denunciarem e partilharem os seus casos de agressão e racismo, sensibilizando a sociedade" para este problema e para que não aconteça "com mais ninguém, independentemente da cor".

"Não são os portugueses, são algumas pessoas que mancham a imagem de Portugal", disse o jovem, destacando que sempre foi bem tratado e que os "amigos portugueses foram os primeiros a manifestar preocupação".

Foi apresentada queixa à Polícia de Segurança Pública (PSP). O Notícias ao Minuto entrou em contacto com a  força de segurança para obter mais esclarecimentos e aguarda uma resposta.

Bar fala em "superlotação" e nega "qualquer forma de discriminação racial"

Através das redes sociais, o Oásis by Aché emitiu uma nota de esclarecimento sobre os "eventos da noite de ontem", onde começa por referir que preza pelo "respeito, inclusão e igualdade de todos os clientes, independentemente da sua cor, raça, género ou orientação sexual".

"Devido à superlotação, dois clientes foram impedidos de entrar, o que gerou um mal-entendido", lê-se na nota, na qual o estabelecimento refere que "a decisão de barrar a entrada não teve qualquer relação com questões raciais". 

"Outros clientes estavam a fumar do lado de fora e, por isso, já eram considerados presentes antes da superlotação", acrescenta, sem se referir a qualquer agressão. 

Adicionalmente, o bar refere ainda que "a entrada no bar exige o cumprimento de um determinado dress code, que é aplicado para manter o ambiente e os padrões" do estabelecimento. 

"Reiteramos que o Oásis by Aché repudia qualquer forma de discriminação racial. O proprietário do nosso estabelecimento é um homem negro e africano e ele jamais aceitaria qualquer ato de racismo no seu bar", acrescenta, mostrando disponibilidade para "dialogar com os envolvidos e esclarecer quaisquer dúvidas".

Leia Também: Queixas por violência doméstica à PSP aumentaram no 1.º semestre do ano

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