Junta de Santa Maria Maior exige "pedido de desculpas público" a vereador
A Junta de Freguesia de Santa Maria Maior exigiu hoje "um pedido de desculpas público" ao vereador da Higiene Urbana na Câmara Municipal de Lisboa, Ângelo Pereira, por ter responsabilizado as juntas pela acumulação de lixo na cidade.
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País Santa Maria Maior
"Estranha esta junta a posição do senhor vereador, considerando a intensa cooperação entre a higiene urbana municipal e os serviços de limpeza da junta de freguesia e o espírito de que este é um problema de todos", afirmou o presidente do executivo da freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho (PS), referindo que o território sob sua gestão, no centro histórico de Lisboa, conta com um rácio de aproximadamente 10.000 habitantes para 300.000 visitantes diários.
Na reunião pública do executivo municipal, na quarta-feira, o vereador Ângelo Pereira (PSD) lembrou que as 24 juntas de freguesias da cidade têm responsabilidade nesta área, afirmando que "recebem milhares de euros para tirar o lixo da rua e não tiram o lixo da rua", dando o exemplo de Santa Maria Maior e Benfica, ressalvando que o problema resulta também de falta de civismo.
Perante estas declarações, o presidente da Junta de Freguesia de Benfica, Ricardo Marques (PS), ameaçou, na quinta-feira, rescindir o contrato com a Câmara Municipal de Lisboa de remoção do lixo junto das ecoilhas caso o vereador da Higiene Urbana "não se retrate das afirmações" proferidas na reunião camarária.
A Lusa solicitou à autarquia, em particular ao vereador Ângelo Pereira, uma resposta à posição dos presidentes das juntas de freguesias de Benfica e de Santa Maria Maior, aguardando informação.
Em comunicado, o autarca de Santa Maria Maior lamentou as "inverdades" proferidas pelo vereador da Higiene Urbana ao responsabilizar as juntas de freguesia pela acumulação de lixo no espaço público e esclareceu o que considera ser a "deliberada confusão" lançada na opinião pública, indicando que "a lei n.º 56/2012 determina sinteticamente que compete à Câmara Municipal de Lisboa a recolha do lixo e às juntas de freguesia a varredura e lavagem".
Apesar da atribuição de competências prevista na lei, a junta de Santa Maria Maior tem "ajudado voluntariamente" a câmara lisboeta, recolhendo lixo depositado na rua durante o dia e tentando colmatar as lacunas da recolha noturna, por estar "ciente das dificuldades que a sobrecarga diária exercida sobre o território provoca na conservação do espaço público e concretamente na recolha de resíduos", indicou Miguel Coelho.
O autarca do PS reforçou que a junta de Santa Maria Maior tem encetado "grandes esforços" para melhorar a qualidade da limpeza urbana, "alocando recursos materiais, humanos e financeiros a tarefas que extravasam as suas competências e que são da responsabilidade do município".
Miguel Coelho explicou ainda que os contratos interadministrativos entre a câmara e as juntas resultam da sobrecarga turística com impacto na conservação do espaço público e na acumulação de lixo e permite às juntas uma maior eficiência nas responsabilidades que lhe cabem: lavar e varrer.
Os contratos de delegação de competências atribuem às juntas de freguesia a incumbência de recolher resíduos exclusivamente na envolvente das ecoilhas, não sendo competência das juntas vazar os ecopontos.
"Ao hostilizar, de forma gratuita e injustificada, as juntas de freguesia, o senhor vereador incorre num desnecessário risco de começar a não reunir condições para tutelar o pelouro que lhe foi atribuído", declarou o autarca de Santa Maria Maior, referindo que aguarda, "com expectativa e em nome da boa cooperação para a higiene urbana na cidade, um pedido de desculpas público".
Na quarta-feira, os vereadores de PS e BE na Câmara de Lisboa acusaram a liderança PSD/CDS-PP de "incompetência" quanto ao problema do lixo, tendo o presidente do executivo, Carlos Moedas (PSD), afirmado que a situação "era absolutamente inaceitável" na gestão municipal anterior, sob presidência do PS.
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