"Encontrei muitas preocupações a nível social, não há dúvida nenhuma que continuamos a ter pessoas que estão isoladas, a quem é difícil fazer chegar os apoios, as ajudas sociais", disse na quarta-feira.
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas falava aos jornalistas no Centro Português (CP), em Caracas, após ter assinado contratos de apoio ao movimento associativo, com representantes do centro, do Lar da Terceira Idade Padre Joaquim Ferreira, do Instituto Português de Cultura e da Sociedade de Beneficência de Damas Portuguesas.
"Há alguns programas interessantes que têm vindo a ser desenvolvidos e que têm de ser mantidos e aprofundados, o apoio médico e o apoio a algumas das associações. Há outros casos em que nós temos de melhorar, exatamente tudo que tem a ver com o acompanhamento das tais pessoas isoladas, e, portanto, temos aqui um caminho importante para fazer", disse.
José Cesário insistiu que vão aparecendo casos desses uns atrás dos outros e que ao longo desta visita de quatro dias à Venezuela foi referida, em vários locais, a existência de portugueses isolados, citando como exemplo, o caso de uma senhora de 91 anos, "para lá de Valência [centro do país]"
"A comunidade é muito dispersa. A verdade é que os nossos consulados acabam por estar longe de muitas dessas comunidades, sobretudo as mais periféricas", disse, precisando que se trata de pessoas nascidas em Portugal ou na Venezuela, mas com nacionalidade portuguesa.
O secretário de Estado disse ainda que que no futuro é preciso ir melhorando a forma de fazer os agendamentos nos postos consulares, porque é muito evidente que, sobretudo as pessoas mais velhas, têm dificuldades de acesso à plataforma informática que permite fazer esses agendamentos.
"É evidente que há questões de insegurança que marcam uma parte da comunidade e há as questões de isolamento que eu referi, e que sob ponto de vista social tem um grande impacto. Há muitos portugueses na Venezuela que têm uma pensão equivalente a três dólares [2,7 euros]. Ora isso significa que são pessoas que estão numa situação extremamente frágil e para os apoiarmos, podemos ter as associações ativas", disse.
O responsável disse ainda que é preciso fazer acompanhamento aos portugueses que nos últimos anos emigraram da Venezuela.
"Não podemos esquecer os que partiram. Nós sabemos onde estão, uma parte está em Portugal, outra está nos Estados Unidos, sobretudo na zona sul, na Florida. Outra parte está em Espanha e até noutros países (...) temos de tentar manter essa relação, essa ligação, e esse é um trabalho que vamos ter de realizar a partir daqui", disse.
José Cesário apelou ainda à comunidade portuguesa da Venezuela para se manter unida e aproximar os jovens dos clubes luso-venezuelanos.
Cesário encontra-se na Venezuela para contactos com a comunidade portuguesa em Caracas e nos estados de La Guaira, Miranda, Arágua e Carabobo, e para formalizar apoios da Direção-Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas às associações.
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