O embaixador de Israel em Portugal, Dor Shapira, escreveu uma carta aos reitores das universidades portuguesas, que têm sido palco de "movimentos pró-palestinianos", após um "apelo de alguns estudantes judeus que se sentem ameaçados nas universidades por motivos nacionalistas".
"Escrevo-lhe na sequência dos recentes acontecimentos que têm vindo a ter lugar em algumas universidades portuguesas relacionados com movimentos pró-palestinianos que instam as universidades, instituições e empresas ao boicote e ao corte de relações com Israel", começa por referir o responsável na carta, que, segundo o próprio, foi enviada na passada sexta-feira.
Na nota, publicada na rede social X, Shapira destacou que "vivemos tempos inquestionavelmente difíceis, mas, independentemente do que estes movimentos e os seus apoiantes pretendem transmitir, Israel é uma democracia".
O embaixador afirmou que a guerra na Faixa de Gaza é "justa e necessária" e Israel tem "liberdade de expressão como o baluarte do mundo livre", estando sempre "atentos, acostumados (e sempre disponíveis) para a crítica e/ou a divergência de opiniões".
No entanto, "a liberdade de expressão tem limites em tudo similares aos mais elementares princípios de convivência" e não pode haver espaço para a "perseguição e o acosso, a injúria e a ofensa".
"A Embaixada tem sido abordada por estudantes universitários judeus que se sentem ameaçados e inseguros no espaço académico que frequentam. Quase 80 anos depois do cancro que se espalhou na Europa, não podemos agora permitir que o medo se instale nos estudantes universitários israelitas, sejam ou não judeus", denunciou.
Na passada sexta-feira , enviei uma carta aos reitores das principais universidades portuguesas, na sequência de um apelo de alguns estudantes judeus que se sentem ameaçados nas universidades por motivos nacionalistas.
— Dor Shapira🇮🇱 (@ShapiraDor) May 28, 2024
Sublinhei que a liberdade de expressão é fundamental em… pic.twitter.com/5nZGKIaVF1
Dor Shapira defendeu que as universidades têm a responsabilidade de "proteger os seus estudantes e não permitir que sejam ameaçados por conta da sua nacionalidade, etnia ou religião", além de não permitir a Academia possa ser "instrumentalizada para fins políticos".
"Mais, é minha convicção que as relações entre Israel e Portugal continuarão a prosperar. Somos países democráticos com valores muito semelhantes e só temos a ganhar com a preservação e solidez dessa afinidade - também, e principalmente, na área académica", acrescentou.
O embaixador israelita considerou ainda que quem apela ao "boicote" está a "destruir irresponsavelmente muito do bom que o mundo livre conseguiu alcançar", sendo necessário "contrariar estes movimentos com o discernimento que falha a quem protesta, vandalizando, perseguindo e amedrontando todos quantos têm uma posição diferente da sua".
Sublinhe-se que vários movimentos de estudantes universitários e do ensino secundário portugueses, incluindo a Greve Climática Estudantil e os Estudantes pela Justiça na Palestina, associaram-se a um protesto estudantil que se iniciou nos 'campus' norte-americanos e já se estendeu a universidades de várias cidades europeias, do Canadá, México e até Austrália, a exigir o fim da ofensiva israelita na Faixa de Gaza.
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