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Leitão Amaro diz que só o Governo tem recusado "jogo" da direita radical

O ministro da Presidência defendeu hoje que contrariar o crescimento da direita radical "é uma responsabilidade" dos partidos ao centro, considerando que a esquerda moderada a coloca no debate político e só o Governo recusa "esse jogo".

Leitão Amaro diz que só o Governo tem recusado "jogo" da direita radical
Notícias ao Minuto

12:57 - 09/05/24 por Lusa

País Executivo

"Há um discurso político recente, porque nós vemos a direita radical a crescer mais, de achar que a responsabilidade de resolver esse problema é um problema da direita moderada. Com certeza que tem responsabilidade, mas a esquerda moderada, quando procura jogar um jogo político que coloca a direita radical no centro do debate político, cria uma condição de jogo tático que só faz levar a direita moderada, em alguns países, por fraqueza, a fazer esse jogo", considerou hoje António Leitão Amaro, num debate organizado pela RTP a assinalar o Dia da Europa.

Em Portugal, defendeu, acontece o contrário: "Temos a direita moderada, liderada pelo atual primeiro-ministro, que tem estado a recusar jogar esse jogo e tem dito que o jogo deve jogar-se ao centro e a transformação do país deve jogar-se a partir do espaço da moderação".

"Temos que construir um espaço de moderação (...) para ter uma cultura de compromisso que transforme, que dê respostas de satisfação ou, pelo menos, menos insatisfação, e havendo menos insatisfação, menos ressentimento, não haja terreno fértil para os radicais", considerou Leitão Amaro.

No mesmo painel, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, advertiu contra o que chamou de "canto da sereia".

O chefe da diplomacia referiu que o crescimento do populismo é "limitado, ainda que possa ser impressivo", mas sublinhou que o problema é que "a radicalização, à esquerda e à direita, faz com que os partidos centrais também se radicalizem".

Os partidos tradicionais começam a ter "pequenas fações bastante radicais" e que "estão a polarizar grupos que normalmente mantinham uma certa lucidez e bom senso e a dificultar o consenso".

"Esta é que é a arma que verdadeiramente os radicais têm: conseguirem dividir, dentro daqueles que têm ideias diferentes para a Europa, como para os seus países, têm projetos diferentes, mais liberais, mais sociais, mais conservadores, mais progressistas, mas que conseguiam e conseguem falar, mas que agora estão a ficar reféns de bolsas dentro deles".

Paulo Rangel, que foi eurodeputado durante 15 anos, elogiou os eleitos portugueses ao Parlamento Europeu do PSD, CDS e PS, que, dentro das respetivas famílias políticas (Partido Popular Europeu e Socialistas e Democratas), "faziam parte das vozes da moderação".

António Vitorino, ex-diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações, concordou: "Quando os moderados chegarem à conclusão de que, para terem sucesso, têm de abdicar dos valores da democracia liberal, então estamos a fazer o caminho dos radicais".

Para o antigo ministro socialista, "há aí uma fronteira civilizacional e um combate que tem de ser travado".

Vitorino disse esperar que os portugueses vão votar nas eleições para o Parlamento Europeu, no dia 09 de junho, recordando que estudos apontam que 89% apoiam o projeto europeu.

"Então, Portugal seria um país onde esse radicalismo eurocético, que existe à direita e à esquerda, não teria grande respaldo eleitoral", defendeu.

O diretor do Instituto Português de Relações Internacionais, Nuno Severiano Teixeira, considerou que o mundo vive atualmente uma "vaga de autocratizações", em que a democracia está "sob ataque".

O antigo ministro socialista recordou que há 50 anos, a esquerda democrática teve um papel para travar a esquerda radical e "hoje, é muito importante que a direita democrática também saiba travar a direita radical".

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