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Marcelo explica "reparação" a ex-colónias: "Começou há 50 anos"

"Não podemos colocar isto debaixo do tapete. Temos obrigação de pilotar, de liderar, este processo", defendeu o Presidente da República.

Marcelo explica "reparação" a ex-colónias: "Começou há 50 anos"

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, explicou, este sábado, as declarações polémicas sobre a questão da reparação do colonialismo, considerando que esta é "uma realidade que já começou há 50 anos".

"A pergunta era se eu achava que se devia pedir desculpa. Disse que não. Sempre achei que pedir desculpa é uma solução fácil para o problema, pede-se desculpa e nunca mais se fala nisso. Assume-se a responsabilidade por aquilo que de mau e bom houve no império", afirmou aos jornalistas, no âmbito da inauguração do Museu da Resistência e Liberdade, em Peniche.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou que "não se pode assumir só o bom ou só o mau", explicando que "assumir" passa por "retirar as várias consequências". "Falei na questão dos bens. Nós não temos muito património imobiliário trazido das colónias, mas é uma questão de saber o que havia", afirmou.

Sobre a questão da "reparação" às ex-colónias, Marcelo foi taxativo: "A reparação é uma realidade que já começou há 50 anos e as pessoas não têm noção de como começou".

O Presidente da República explicou, então, que o facto de Portugal perdoar dívidas a países das ex-colónias e dar um "estatuto de mobilidade" a cidadãos de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) "é já uma forma de reparação".

"Toda a nossa cooperação foi durante 50 anos, além da construção e do futuro, uma forma de reparação e continua a ser", acrescentou.

"Nós deixámos o que construímos lá, mas, em contrapartida, também retiramos proveitos de lá ao longo de muito tempo, dependendo de colónia para colónia. Não há soluções homogéneas. As soluções têm de ser encontradas tendo em conta as circunstâncias", disse.

O Presidente da República sublinhou que "há um ponto muito importante" que tem sido marcado ao longo da sua presidência: "Não podemos colocar isto debaixo do tapete. Temos obrigação de pilotar, de liderar, este processo. Se não o liderarmos, vai-nos acontecer o que aconteceu a outros países, que perderam a capacidade de diálogo com as ex-colónias".

Para Marcelo, trata-se de uma questão que "tem de ser assumida porque faz parte da nossa história e não a podemos omitir". 

Em causa estão declarações do Presidente da República num jantar com a Associação de Imprensa Estrangeira, onde afirmou que Portugal tem de "pagar os custos" do colonialismo.

"Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isto", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

No evento, Rebelo de Sousa disse que Portugal "assume toda a responsabilidade" pelos erros do passado e lembra que esses crimes, incluindo os massacres coloniais, tiveram custos.

[Notícia atualizada às 14h40]

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