Os analistas da XTB assinalam que "a transição de Portugal para um regime democrático coincidiu com esforços significativos para modernizar infraestruturas, expandir serviços sociais e integrar-se na economia europeia e global, desafios que frequentemente exigiram um aumento dos gastos públicos e acumulação de dívida".
Em 1974, após o 25 de Abril, a dívida pública portuguesa aumentou mais de 70% em comparação com o mesmo período do ano anterior (1973), situando-se em 17% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo os dados da corretora.
A escalada de dívida portuguesa continuou e o país foi obrigado a pedir ajuda ao Fundo Monetário Internacional em 1977 e em 1983, "que não tiveram impacto na redução da dívida".
Em 1977 e 1978 a dívida pública ascendia a 30% do PIB e 33% do PIB, enquanto em 1983 e 1984 se fixava em 45% e 48%.
"Com a entrada de Portugal na União Europeia, e a subsequente adoção do euro, Portugal enfrentou novas exigências fiscais e monetárias que redefiniram a gestão da dívida pública", recordam os analistas.
A tendência crescente continuou, embora tenha diminuído o ritmo de crescimento a partir dos anos 90, década em que o país começou a sentir maior impacto da integração, com a disponibilização dos fundos europeus utilizados para investir em infraestruturas e projetos de modernização.
Olhando para o peso da dívida face ao PIB, nos anos da crise financeira e das dívidas soberanas, o endividamento do país disparou, mas nos últimos anos, a tendência tem se invertido e no ano passado, pela primeira vez em 14 anos, a dívida pública de Portugal ficou abaixo dos 100% em relação ao PIB.
"A longo destes 50 anos, Portugal aumentou a sua dívida exponencialmente, mas também aumentou a sua produção exponencialmente. No entanto, o crescimento da dívida tornou-se muito mais sustentável a seguir à crise das dívidas soberanas que assombrou a Europa", recordam os analistas.
A nota da XTB realça que a dívida pública tem vindo a cair desde 2020 e há mais de 14 anos que não atingia valores abaixo dos 100% face ao PIB, refletindo "aumentos de produção nacional, nomeadamente em setores como o turismo que têm vindo a registar um aumento significativo e, em simultâneo, o aumento da carga fiscal do Estado, que tem vindo a atingir recordes".
"A juntar a tudo isto, a dívida pública caiu em termos nominais em 2021 e 2023, algo que poderemos considerar um marco importante. Este esforço permitiu que a dívida pública convergisse com a média da zona euro", assinala.
Para os analistas, numa altura em que as taxas de juro permanecem elevadas, o facto do rácio da dívida/PIB estar a diminuir demonstra que a capacidade de crescimento de Portugal é superior em relação à capacidade de endividamento.
"Em relação há 50 anos o país encontra-se mais endividado, mas numa situação muito mais favorável", aponta.
Em 2023, Portugal registou um rácio da dívida pública de 99,1% do PIB, de acordo com dados do Banco de Portugal.
Leia Também: Um dos centrais com mais minutos nos últimos 12 meses joga no Benfica