XTB: Gestão da dívida pública tornou-se fundamental na política económica

A gestão da dívida pública em Portugal tornou-se um pilar fundamental da política económica após a revolução de 1974, destaca uma análise da corretora XTB hoje divulgada.

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Lusa
22/04/2024 15:25 ‧ 22/04/2024 por Lusa

Economia

25 de abril

 

Os analistas da XTB assinalam que "a transição de Portugal para um regime democrático coincidiu com esforços significativos para modernizar infraestruturas, expandir serviços sociais e integrar-se na economia europeia e global, desafios que frequentemente exigiram um aumento dos gastos públicos e acumulação de dívida".

Em 1974, após o 25 de Abril, a dívida pública portuguesa aumentou mais de 70% em comparação com o mesmo período do ano anterior (1973), situando-se em 17% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo os dados da corretora.

A escalada de dívida portuguesa continuou e o país foi obrigado a pedir ajuda ao Fundo Monetário Internacional em 1977 e em 1983, "que não tiveram impacto na redução da dívida".

Em 1977 e 1978 a dívida pública ascendia a 30% do PIB e 33% do PIB, enquanto em 1983 e 1984 se fixava em 45% e 48%.

"Com a entrada de Portugal na União Europeia, e a subsequente adoção do euro, Portugal enfrentou novas exigências fiscais e monetárias que redefiniram a gestão da dívida pública", recordam os analistas.

A tendência crescente continuou, embora tenha diminuído o ritmo de crescimento a partir dos anos 90, década em que o país começou a sentir maior impacto da integração, com a disponibilização dos fundos europeus utilizados para investir em infraestruturas e projetos de modernização.

Olhando para o peso da dívida face ao PIB, nos anos da crise financeira e das dívidas soberanas, o endividamento do país disparou, mas nos últimos anos, a tendência tem se invertido e no ano passado, pela primeira vez em 14 anos, a dívida pública de Portugal ficou abaixo dos 100% em relação ao PIB.

"A longo destes 50 anos, Portugal aumentou a sua dívida exponencialmente, mas também aumentou a sua produção exponencialmente. No entanto, o crescimento da dívida tornou-se muito mais sustentável a seguir à crise das dívidas soberanas que assombrou a Europa", recordam os analistas.

A nota da XTB realça que a dívida pública tem vindo a cair desde 2020 e há mais de 14 anos que não atingia valores abaixo dos 100% face ao PIB, refletindo "aumentos de produção nacional, nomeadamente em setores como o turismo que têm vindo a registar um aumento significativo e, em simultâneo, o aumento da carga fiscal do Estado, que tem vindo a atingir recordes".

"A juntar a tudo isto, a dívida pública caiu em termos nominais em 2021 e 2023, algo que poderemos considerar um marco importante. Este esforço permitiu que a dívida pública convergisse com a média da zona euro", assinala.

Para os analistas, numa altura em que as taxas de juro permanecem elevadas, o facto do rácio da dívida/PIB estar a diminuir demonstra que a capacidade de crescimento de Portugal é superior em relação à capacidade de endividamento.

"Em relação há 50 anos o país encontra-se mais endividado, mas numa situação muito mais favorável", aponta.

Em 2023, Portugal registou um rácio da dívida pública de 99,1% do PIB, de acordo com dados do Banco de Portugal.

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