À saída do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), no Campus de Justiça, em Lisboa, para a pausa de almoço, Paulo Sá e Cunha, descreveu aos jornalistas que a inquirição está a "decorrer muito bem, a bom ritmo", sem entrar em mais pormenores.
"Vamos fazer agora a pausa para o almoço, não posso acrescentar mais nada", disse.
Paulo Cunha e Sá adiantou apenas que a sessão de hoje terminará pelas 17:00, não estando certo que fique concluído o interrogatório do ex-autarca.
"Vamos tentar acabar hoje, não sei se conseguimos, de qualquer modo, a indicação que temos é que os trabalhos serão encerrados às 17:00", referiu, não esclarecendo se o fim dos trabalhos pelas 17:00 tem que ver com a greve dos funcionários judiciais às horas extraordinárias que ainda decorre.
À chegada ao tribunal da parte da manhã, Paulo Sá e Cunha disse esperar que até ao final da semana sejam conhecidas as medidas de coação, lembrando que para a semana acontece o Carnaval e férias.
Paulo Sá e Cunha disse também confiar que, por a detenção dos suspeitos neste caso "ser longa", já vai em 14 dias, "ninguém se sinta obrigado a aplicar medidas privativas da liberdade".
"O sistema, essa unidade inorgânica, às vezes tem de se autojustificar e, por isso, apesar de ser uma situação muitíssimo penosa esta de alguém estar privada da liberdade, até aqui, as defesas têm estado a trabalhar no interesse dos seus constituintes", explicou.
Para o advogado trata-se de "um preço caro de se ver privado da liberdade durante todos estes dias, mas tem como contrapartida uma efetividade do trabalho das defesas".
"Não é tempo perdido, preferia que estivessem a aguardar as diligências em liberdade e não vejo razão nenhuma para não estarem", frisou Sá e Cunha.
Após 14 dias de detenção, Pedro Calado começou a ser ouvido esta manhã, depois de terminadas as inquirições aos dois outros suspeitos de corrupção na Madeira, os empresários Custódio Correia e Avelino Farinha.
Na segunda-feira terminou, cerca das 17:30, a inquirição ao empresário Avelino Farinha, líder do grupo AFA, três dias depois de ter começado.
Já o empresário Custódio Correia, acionista do grupo Socicorreia, foi o primeiro dos três suspeitos do processo de alegada corrupção a ser ouvido pelo juiz de instrução criminal Jorge Bernardes de Melo.
Só no final de todos os interrogatórios serão conhecidas as medidas de coação.
Em 24 de janeiro, a Polícia Judiciária (PJ) realizou cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.
A operação também atingiu o presidente do Governo Regional da Madeira (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, que foi constituído arguido e renunciou ao cargo, o que foi formalmente aceite pelo representante da República na segunda-feira e publicado em Diário da República no mesmo dia.
Na sequência das buscas, a PJ deteve o então presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), que também renunciou ao cargo, o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, Custódio Correia.
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