Os protestos dos polícias estão a dar que falar, ainda mais após ter sido posta em cima da mesa a possibilidade de estar eventualmente em risco a realização das eleições legislativas antecipadas de 10 de março. O primeiro-ministro demissionário António Costa reagiu ao escalar do descontentamento do setor e considerou "inadmissível" que as manifestações "extravasem os limites da lei".
A sua reação surge na sequência de declarações do presidente do Sinapol, Armando Ferreira, que afirmou temer que "o senhor primeiro-ministro não vai ficar em funções só até 10 de março", uma vez que "pode haver a possibilidade" de uma eventual perturbação das eleições legislativas, uma vez que "quem transporta os boletins de voto são as forças de segurança".
Neste sentido, Costa adverte o porta-voz da plataforma sindical e presidente do Sindicato Nacional de Oficiais de Polícias, Bruno Pereira, através de uma carta, na qual assume que às forças de segurança "compete assegurar a legalidade democrática, sendo inadmissível o recurso a qualquer forma de protesto que extravase os limites da lei por parte de quem serve Portugal numa força fardada e armada".
"Conhecendo bem os homens e as mulheres que servem nas nossas forças de segurança, é minha profunda convicção, e acredito ser também a de todas as cidadãs e cidadãos, que jamais as forças de segurança perpetrariam um ato tão grave de traição à nossa democracia", afirma António Costa.
Segundo a plataforma que congrega sindicatos e associações das forças de segurança, os profissionais do setor encontram-se numa "situação limite" perante a "ausência de resposta" do Governo.
"Os polícias chegaram ao limite, podendo desesperadamente extremar posições, como as que estão a desenvolver-se por todo o país", sendo que as formas de protesto poderão atingir "proporções indesejáveis", salienta a plataforma.
Protestos? "Façam em respeito pela ordem pública e pelo Estado de direito"
Entretanto, o secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, considerou que "é sempre preciso ter compreensão e empatia em relação aos sentimentos de insatisfação e de descontentamento dos outros", sem se referir a nenhum grupo profissional.
"É muito importante que todos aqueles que defendem os seus direitos e posições o façam ao mesmo tempo em respeito pela ordem pública e pelo Estado de direito. As duas não são incompatíveis. É a nossa forma de estar na vida: Empatia para com os problemas dos outros, procurar responder a essa insatisfação e a esse descontentamento dentro da capacidade económica e financeira do país e exigência sempre muito firme pelo respeito pela ordem e pelo Estado de direito", acrescentou.
O secretário-geral do PS insistiu hoje que é preciso empatia pelos setores profissionais que protestam, mas defendeu uma atitude de firmeza para que esses protestos se façam em respeito pela ordem pública e o Estado de direito.
Lusa | 08:12 - 05/02/2024
MAI instaura inquéritos disciplinares. Polícias acusam Governo de "leviandade"
De recordar que, no fim de semana, dois jogos de futebol (Famalicão-Sporting e Leixões-Nacional) foram adiados, um na sequência de generalizadas e súbitas baixas médicas apresentadas por polícias e outro por não reunir as necessárias condições de segurança, devido à falta de policiamento.
Estes incidentes levaram a que o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, anunciasse a participação ao Ministério Público de todos os novos indícios de incitamento à insubordinação, a sua prática e eventual ligação a movimentos extremistas, praticados pelas forças policiais.
Para José Luís Carneiro, o direito à manifestação é legítimo e tem sido legitimamente exercido, mas não pode ser confundido com indisciplina e atos de "insubordinação" que coloquem em risco o Estado de direito, motivo pelo qual não permitirá que a segurança dos cidadãos seja colocada em causa.
O governante mandou instaurar processos de inquérito disciplinar e determinou à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) a instauração urgente de inquéritos relativos ao policiamento de ambos os jogos e às suas consequências.
O MAI foi acusado de "precipitação" e "alguma leviandade" pela plataforma sindical de polícias em qualificar como insubordinados os agentes que entregaram baixas médicas e falharam o policiamento de um jogo de futebol.
"Apelo pelo menos a alguma cautela na moderação das palavras para que não acicatemos ainda mais os ânimos, tendo em conta que eles já estão bastante acicatados e os polícias já estão num nível de intolerância máximo. (...) Não nos precipitemos também com alguma leviandade em qualificá-los como insubordinados. Não cai bem, não fica bem, e não é de modo algum respeitoso", disse à Lusa o presidente do Sindicato Nacional de Oficiais de Polícias, Bruno Pereira.
Os profissionais da guarda lamentam que os protestos dos agentes só tenham tido atenção por causa de um jogo de futebol e esperam que a reunião dos responsáveis da PSP e GNR com a tutela resolva esta "luta justa".
Lusa | 12:33 - 04/02/2024
Os elementos da PSP e da GNR exigem um suplemento idêntico ao atribuído à Polícia Judiciária (PJ), estando há quase um mês em protesto. Os protestos começaram com um agente da PSP a pernoitar em frente à Assembleia da República, em Lisboa, que depois se alargaram a todo o país.
Leia Também: Costa diz que Governo "carece de legitimidade" para responder a polícias
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com