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Miguel Alves nega irregularidade em contratação de empresa de comunicação

O ex-presidente da Câmara de Caminha Miguel Alves, que começou hoje a ser julgado por alegada prevaricação, negou qualquer irregularidade na contratação da empresa de assessoria de comunicação da também arguida Manuela Sousa.

Miguel Alves nega irregularidade em contratação de empresa de comunicação
Notícias ao Minuto

11:13 - 11/01/24 por Lusa

País Câmara de Caminha

"Da minha parte, o meu comportamento foi correto. Não houve nenhuma irregularidade. Da parte dos meus funcionários, em quem tenho confiança plena, o contrato de ajuste direto foi todo feito de acordo com o Direito. Foi tudo acautelado", disse hoje na primeira sessão de julgamento.

O Ministério Público (MP) acusa o ex-autarca socialista Miguel Alves - que se demitiu do cargo de secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro após saber da acusação -- de ter violado as normas de contratação pública quando acordou com a empresária serviços de assessoria de comunicação para o município "sem qualquer procedimento de contratação pública".

"Se cometi alguma irregularidade foi com a empresa [de Manuela Sousa]", referiu Miguel Alves, admitindo que se aproveitou da empresa porque, sabendo da sua expectativa em conseguir um contrato com a Câmara de Caminha, fazia o "jogo do gato e do rato".

"A empresa queria o contrato e eu ia deixando andar o tempo porque não tinha condições [financeiras] (...). Tentava puxar a brasa à minha sardinha. Aproveitava-me. É uma expressão horrível, mas é verdadeira, dessa expectativa", referiu.

O arguido garantiu ainda que nunca pagou qualquer serviço à empresa de Manuela Sousa, que à data dos factos usava o apelido Couto, antes de ter assinado contrato em abril de 2015.

Miguel Alves, que começou a prestar declarações às 09:48 no Tribunal de Viana do Castelo e terminou cerca das 11:23, disse ter acedido a um pedido de reunião da arguida, por ter consciência da "importância estratégica da comunicação".

"Veio dizer-me que tinha capacidade para alavancar o concelho e a minha visão assentava nisso", sublinhou.

Explicou que, em 2013, quando assumiu a presidência do município, decidiu reorganizar o gabinete municipal para que Caminha "saísse da redoma da imprensa regional", afirmando que o gabinete da câmara não tinha condições para responder ao plano de comunicação que defendia para o município e "em que quase tudo passava pelo presidente".

"Eu próprio fazia os títulos, as notas de imprensa e as publicações nas redes sociais", disse.

Miguel Alves adiantou ter dito "claramente" a Manuela Sousa, numa reunião em 2014, "que não a podia contratar" porque não tinha "capacidade financeira".

Sem "compromisso", anuiu a escolher eventos do concelho para a empresa de Manuela Sousa "colocar nas televisões" e admitiu que, após o trabalho gratuito de promoção efetuado, "não deu sequência" aos emails da empresária, garantindo não ter recebido um onde lhe era exigido o pagamento de três mil euros pelos serviços.

Referiu ter tido conhecimento deste apenas quando consultou o processo. O documento foi encontrado pela Polícia Judiciária (PJ) no computador de Manuela Sousa durante a investigação.

Em 2015, "com folga no orçamento para acomodar a comunicação", a Câmara de Caminha fez o primeiro de dois ajustes diretos às empresas de Manuela Sousa. O último ajuste foi renovado em 2016, com a duração um ano.

O arguido reconheceu que o trabalho efetuado pelas empresas tem "provas dadas na visibilidade do concelho" e que não renovou o contrato que terminou em 2017 porque os serviços deixaram de "ser úteis" e porque a autarquia "não era das melhores pagadoras".

"Entretanto, estabeleci contactos com a imprensa. Cresci na relação com a comunicação social. Os jornalistas ligavam-me. O gabinete de comunicação da câmara também já tinha contactos. Já não precisava deles. Já não eram úteis", afirmou.

O primeiro dia de julgamento terminou cerca das 14:55, após a audição de duas funcionárias da autarquia. Os trabalhos serão retomados, na sexta-feira, às 09:15, para serem ouvidas as últimas seis testemunhas no processo.

Segundo a acusação, em 2014, Miguel Alves e Manuela Sousa "mantiveram contactos com vista à prestação de serviços de comunicação, gestão de imagem e assessoria de comunicação à autarquia pelas sociedades MIT e Mediana", detidas e controladas pela arguida. Os serviços foram, alegadamente, prestados sem qualquer enquadramento formal, contratual ou contabilístico.

Os arguidos estão acusados, em coautoria, de prevaricação de titular de cargo político.

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