A médica que terá escrito no registo das gémeas-luso brasileiras que a consulta no âmbito do tratamento da atrofia muscular espinhal foi marcada a pedido da secretaria de Estado da Saúde estará a ser paga por um estudo da farmacêutica Novartis, na qual estas irmãs estarão inscritas.
A informação é avançada pela RTP, que dá conta de que a médica, Teresa Moreno, pediu há poucas semanas consentimento para novas versões deste estudo.
As gémeas chegaram a ter, em 2019, uma consulta marcada com esta profissional no Hospital dos Lusíadas. A mãe das crianças foi avisada em novembro desse ano que a consulta seria no dia 6 do mês seguinte. Poucos dias depois, terá sido novamente notificada sobre uma alteração, que dava conta de que a consulta aconteceria a 5 de dezembro, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
O autor ou autora desta ‘transferência’ de um hospital privado para o público, é ainda desconhecido, mas António Lacerda Sales, então secretário de Estado da Saúde, já negou ter feito qualquer telefonema ou ter recebido um "processo formalmente constituído", assim como alguma vez ter contactado "formalmente com o Hospital de Santa Maria".
Novartis, Zolgensma e o estudo pago
É esta profissional quem fez o acompanhamento das irmãs e as inscreve num ensaio clínico da Novartis – empresa que produz o Zolgensma, medicamento para o tratamento da atrofia muscular espinhal. Segundo a RTP, bastava uma ter sido escolhida para que a irmã recebesse também gratuitamente o medicamento, no valor de quase dois milhões de euros, mas não foram aceites.
A médica terá então inscrito as irmãs num registo clínico, a que a Prova dos Factos, da RTP, teve acesso. O documento em questão seria para monitorizar os tratamentos às gémeas. A RTP destaca ainda que a mãe das crianças recebeu há pouco mais de duas semanas uma adenda, na qual se lê que "por indicação da Dra. Teresa Moreno" são anexadas "novas versões consentimentos do estudo de registo que a Lorena e a Maitê estão a participar".
Pode ler-se ainda que "a Novartis GTx está a pagar ao médico do estudo e à equipa do estudo pelo respetivo trabalho neste registo", sendo o estudo voluntário. De acordo com a informação disponibilizada no site da Novartis, Teresa Moreno é a coordenadora dos ensaios clínicos do Zolgensma em Portugal.
A Novartis terá sido questionada pela RTP, sendo que a emissora que não obteve respostas.
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