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Grupos contra centrais fotovoltaicas querem ser assistentes no processo

Os movimentos contra a instalação de centrais fotovoltaicas no concelho de Santiago do Cacém (Setúbal) pediram hoje a suspensão dos projetos e anunciaram que vão constituir-se assistentes no processo ligado ao lítio, hidrogénio e centro de dados.

Grupos contra centrais fotovoltaicas querem ser assistentes no processo
Notícias ao Minuto

13:51 - 13/11/23 por Lusa

País Lítio

Num comunicado conjunto, enviado à agência Lusa, os movimentos Juntos pelo Cercal do Alentejo e Vamos Salvar os Sobreiros, a Associação Proteger o Alentejo e o Grupo de Ação e Intervenção Ambiental (GAIA) pediram "a suspensão imediata dos licenciamentos" das centrais fotovoltaicas previstas para aquele concelho.

Os movimentos revelaram ainda que vão "constituir-se assistentes no processo de inquérito n.º581/19.5 TELSB", que investiga negócios relacionados com a exploração de lítio no concelho de Vila Real e um projeto de hidrogénio verde e outro da construção de um centro de dados em Sines.

"Vamo-nos constituir como assistentes no processo que está a decorrer, porque achamos que temos um conjunto de informações relevantes para o processo", argumentou à Lusa a porta-voz do movimento Juntos pelo Cercal do Alentejo, Kaya Schwemmlein.

A responsável lembrou que "há mais de três anos" que o movimento está no terreno: "Temos demonstrado que as nossas reivindicações são reais e concretas e que 'vivemos na pele' as consequências desta transição, que acaba por ser injusta nos atuais moldes".

"Estamos agora numa posição em que, finalmente, podemos dizer que já não estamos a ser ignorados e que a verdade veio um pouco à luz e que as nossas reivindicações fazem sentido", disse a porta-voz do movimento, que luta contra a instalação de uma central fotovoltaica em Cercal do Alentejo.

Segundo os subscritores do comunicado, "nos últimos dias", assistiu-se "a um conjunto de detenções de altos funcionários da administração pública, empresários e advogados e ainda à constituição como arguidos de ministros ainda em funções, ex-ministros e empresários".

"O pano de fundo de toda esta agitação judicial são três projetos de grande dimensão, com muitos milhões de euros envolvidos, beneficiários de declarações de impacte ambiental, favorável condicionada, e todos, mas muito concretamente dois deles, com especiais necessidades energéticas", pode ler-se.

Além da exploração de lítio, em Montalegre e Boticas (Vila Real), os movimentos 'apontaram o dedo', em Sines, a um projeto de produção de hidrogénio verde e ao centro de dados que está em construção.

"Estes dois últimos projetos são altamente consumidores de energia. Mas não uma energia qualquer, tem que ser energia 'limpa'. Não pode ser maculada com a nódoa dos hidrocarbonetos, muito menos com a do carvão que, entretanto, desapareceu do mapa das fontes de energia", afirmaram.

Mas, "para alimentar toda esta voracidade energética, são necessários milhares de hectares de painéis fotovoltaicos, quilómetros de linhas de alta e muito alta tensão, muitas torres eólicas, muitos sobreiros abatidos, muita destruição de biodiversidade, de solo agrícola, de serviços do ecossistema, muitos impactes em espécies protegidas, alterações radicais na paisagem e no uso do solo".

"Tudo isto com consequências incalculáveis na saúde e no bem-estar das populações", disseram, alegando que "a energia a produzir seria destinada a alimentar projetos que, sabe-se hoje, estão sob um manto de suspeição, localizada precisamente ao nível das declarações de impacte ambiental emitidas".

Reclamando a suspensão dos projetos fotovoltaicos de "Cercal do Alentejo e Fernando Pessoa", em São Domingos, e do "parque eólico de Morgavel", em Sines, os movimentos dizem que, quando estes "iniciam o seu percurso em direção à aprovação ambiental, já os respetivos promotores sabem para onde irá a energia produzida". Não é para "milhares de habitações", mas para a "produção de hidrogénio verde e o Data Center".

"As populações residentes nas zonas dos projetos não são obrigadas a suportar, além de projetos altamente danosos para o ambiente, a circunstância de os mesmos terem sido construídos em cima de alegados crimes" e "têm o direito de saber se o sacrifício que lhes está a ser imposto tem na sua base a prática de alegados crimes", defenderam.

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