Luís Montenegro falava aos jornalistas, na sede nacional do PSD, após o anúncio do Presidente da República que vai dissolver o parlamento e marcar eleições legislativas antecipadas para 10 de março.
"Quero em nome do PSD dar nota do respeito e da concordância que temos com a decisão do Presidente da República. Era inevitável que a palavra fosse devolvida ao povo português", afirmou o presidente do PSD.
Luís Montenegro defendeu que "é urgente restabelecer o prestígio, credibilidade e confiança das pessoas nas instituições democráticas", acusando o PS de "mergulhar Portugal no terceiro pântano político em 22 anos".
Tal como tinha afirmado na véspera, à saída de uma audiência com Marcelo Rebelo de Sousa, o líder do PSD disse ser preciso "cortar o mal pela raiz e virar a página do empobrecimento" do país.
"Quero dizer aos portugueses que vamos disputar estas eleições com humildade, com sentido de proximidade com as pessoas, com as empresas e instituições, mas também enfrentar este ato eleitoral com muita ambição e certeza que vamos conseguir restabelecer em Portugal um clima de confiança e esperança", disse.
Questionado sobre os alertas do PS, na quarta-feira, sobre cenários de ingovernabilidade após as próximas eleições, Montenegro recusou aos socialistas qualquer "autoridade moral ou política" para falar neste tema.
"O PS é o partido que teve maioria absoluta na Assembleia da República e desbaratou-a por culpa própria", acusou.
Sobre se não preferia que as eleições fossem mais cedo, Montenegro disse que transmitiu ao Presidente da República a necessidade de "uma clarificação o mais rápida possível", mas reiterou ser necessário respeitar o 'timing' do PS, que terá de substituir o seu secretário-geral.
Montenegro quis deixar uma mensagem de esperança "aos jovens, às mães, aos avós" de que o PSD se empenhará num país "onde não é necessário emigrar em busca de uma oportunidade por falta de resposta" dos principais serviços públicos.
"Vamos empenhar-nos nos problemas das pessoas sem teimosias ideológicas e sem deixar ninguém para trás", afirmou, recusando responder hoje a quaisquer perguntas relacionadas com os processos judiciais que envolvem o primeiro-ministro.
"Não vou falar em 'ses'. Há uma situação concreta: a maioria socialista ruiu por dentro, vamos ter eleições no dia 10 de março de 2024 (...) Queremos fazer do dia 10 de março de 2024 o dia da viragem, o dia em que uma nova maioria e um novo Governo vão dar mais esperança a Portugal", referiu.
António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e o 'data center' de Sines terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.
Na investigação, de acordo com a Procuradoria-Geral da República, podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.
Segundo a indiciação, a que a Lusa teve acesso, o Ministério Público (MP) considera que houve intervenção do primeiro-ministro na aprovação de um diploma favorável aos interesses da empresa Start Campus, responsável pelo 'data center'.
No dia da demissão, António Costa recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável" e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça.
[Notícia atualizada às 21h00]
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