"Não, a Venezuela não é um país de ricos [...] neste momento a Venezuela está a atravessar uma situação económica bastante grave e cada vez chegam, à nossa porta, mais pessoas portuguesas procurando ajuda", disse a presidente da SBDP.
Lucecita Fernandes de Rodrigues falava à agência Lusa, no Centro Português, em Caracas, à margem de um almoço de solidariedade que reuniu centenas de portugueses e que assinalou o 54.º aniversário da Sociedade de Beneficência de Damas Portuguesas (SBDP).
"Nem todos estamos bem, e isso é uma realidade", sublinhou.
Segundo a presidente da associação, a rotina dos portugueses que precisam de ajuda "é um dia a dia difícil" que aquela instituição tenta acompanhar.
Por outro lado, precisou que a SBDP "assiste" atualmente 111 famílias portuguesas carenciadas, às quais distribui sopa, cabazes de alimentos, medicamentos e vestuário.
"Nesse momento a maior procura é da parte médica, da medicação. Portugal tem uma rede médica que tem ajudado e também ficamos muito contentes com essa ajuda e com esse apoio que é efetivo, mas depois da consulta eles precisam de comprar medicamentos e nem todos podem", explicou.
Segundo Lucecita Fernandes de Rodrigues, a Sociedade de Beneficência de Damas Portuguesas está consciente que neste momento não podem "chegar a todos" e nem todos conseguem chegar à organização e que por isso estão a programar a disponibilização de um serviço de transporte até à estação mais próxima do Metropolitano de Caracas.
"Temos o apoio do Governo português, que graças a esse apoio podemos chegar a mais pessoas, mas temos também uma participação de empresários portugueses que também confiam em nós e nos ajudam", frisou.
A presidente da Sociedade de Beneficência de Damas Portuguesas recordou que o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo, e o secretário de Estado da Segurança Social de Portugal, Gabriel Bastos, estiveram recentemente na Venezuela, tendo ampliado a rede médica portuguesa local, da qual beneficiam os conterrâneos carenciados.
Segundo a responsável, a associação vai avançar com um novo projeto, o da criação de um atelier de costura para dar formação e ajudar as luso-venezuelanas a ter "mais aptidões na vida, para enfrentar o que a realidade trará".
"Já estamos a trabalhar no projeto de corte e costura para ajudar as famílias a confecionar peças de roupa que depois podem vender. Até agora é só para senhoras, mas estamos abertos a quem quiser aprender e se formar. É aprender para empreender", disse.
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