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CML nega estar a 'limpar' pessoas sem-abrigo e fala em ação "regular"

Vídeos de funcionários a arrumarem tendas na Avenida Almirante Reis geraram muitas críticas contra a autarquia e o tratamento de pessoas mais vulneráveis.

CML nega estar a 'limpar' pessoas sem-abrigo e fala em ação "regular"

A Câmara Municipal de Lisboa afastou as críticas contra uma alegada limpeza de tendas e pertences de pessoas em situação de sem abrigo, que emergiram na quinta-feira nas redes sociais, garantindo que a ação captada não era uma "limpeza" de tendas, mas sim uma intervenção de apoio que já tem vindo a acontecer nas ruas da cidade.

Ao Notícias ao Minuto, a vereadora para os direitos humanos e sociais, Sofia Athayde, explicou que a operação era uma ação "regular", integrada no plano de ação municipal para pessoas em situação sem abrigo, e que estas ações também se aplicam a problemas de iluminação, grafitis, calçadas, entre outros, que são desenvolvidos "no passado, no presente e continuarão a ser feitas no futuro", e que "contribuem para a salubridade do espaço".

Estas iniciativas incluem, como tal, visitas a locais, como a Avenida Almirante Reis, o local onde foram captadas as imagens, para oferecer soluções às pessoas, nomeadamente oferecendo-lhes um espaço para dormir, higiene ou alimentação. "As pessoas são acolhidas, se assim o desejarem, e damos hipótese de terem este apoio, mas também podem ficar nas suas tendas se assim o quiserem. Queremos muito dar-lhes um teto", garantiu a vereadora Sofia Athayde, do CDS.

Quanto à suposta "limpeza" das tendas, estas continuam no local e foram afastadas para ser efetuada a limpeza da via pública - sendo que a Câmara garante que não foram retirados pertences a ninguém.

A vereadora da CML, responsável pela implementação da Equipa de Projeto para a Implementação e Monitorização do Plano Municipal para as Pessoas em situação de Sem-Abrigo, enalteceu também a resposta da autarquia em arranjar mais habitações, nomeadamente com mais 60 casas e um apoio de 6 milhões de euros para apoiar a população mais vulnerável.

Soluções para a JMJ?  "Não se pode comparar o que não é comparável"

Apesar da justificação da Câmara Municipal de Lisboa, a verdade é que a autarquia foi novamente alvo de intensas críticas devido ao vídeo em causa - que gerou reações nas redes sociais - e também por parte de representantes partidários. A partilha dos vídeos coincidiu com a publicação de uma reportagem da agência Reuters, que deu conta das queixas da população sem-abrigo de Lisboa sobre o tratamento oferecido pela autarquia.

A página de Twitter que partilhou as imagens originais acusou Carlos Moedas de ter uma "política de 'limpeza da cidade'", e acusou a ação de ser "desumana", associando-a à visita do Papa a Portugal e à Jornada Mundial da Juventude.

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Questionada sobre a comparação de disponibilidade de alojamentos para as pessoas sem abrigo e os peregrinos da JMJ, que poderão ficar alojados em escolas, por exemplo, Sofia Athayde esclareceu que "há uma confusão" relativamente tema porque as primeiras exigem respostas mais complexas.

"As pessoas em situação de sem abrigo têm vários problemas, nomeadamente de toxicodependência, alcoolismo, e precisam de um acompanhamento clínico e organizacional. Não se pode comparar o que não é comparável", respondeu.

As imagens e notícias recentes foram comentadas pelo vereador comunista e ex-candidato presidencial, João Ferreira, que esta sexta-feira acusou Carlos Moedas de beneficiar as pessoas mais ricas, em detrimento das camadas mais vulneráveis.

"A atuação de Moedas em relação às pessoas em situação de sem abrigo é coerente com a marca de classe da sua gestão. Afinal, no seu mandato oferecerá em benesses fiscais aos mais ricos da cidade mais do que se propõe gastar na reabilitação dos (66) bairros municipais da cidade", afirmou o dirigente do Partido Comunista Português, que deixou ainda outro comentário a dizer que "Moedas não entregou uma casa que tivesse sido construída por sua decisão". "E por este andar, não tenho por certo que o venha a fazer algum dia", concluiu.

Sofia Athayde respondeu a estes comentários, afirmando que "todas as semanas são aprovados apoios por unanimidade, para as pessoas em situação de sem abrigo", enaltecendo que foram atingidas as 400 casas, que são "coordenadas pelas equipas que temos e que articulam com as pessoas".

Sobre se estas habitações já estavam previstas pelo executivo anterior, de Fernando Medina, a vereadora dos direitos humanos e sociais deixou claro que "o trabalho é contínuo, mas a CML está na linha da frente destas respostas".

[Notícia atualizada às 18h11]

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