Em declarações à agência Lusa a propósito dos resultados das provas finais do 9.º ano em 2022, que mostram que o desempenho dos alunos a Português e Matemática piorou, Filinto Lima, presidente da ANDAEP, admite que os resultados possam ter sido efeito da pandemia.

"Isto deve-nos, de facto, preocupar. Eu suponho que a explicação tem que ver com o fator pandemia, não tenho dúvidas nenhumas, e por esse motivo é que é muito importante o plano de recuperação das aprendizagens, que se vai estender para o próximo ano", afirmou.

Defendendo que "todos perderam com a pandemia", tanto os alunos do ensino público como os do privado, o dirigente reconheceu: "claro que perderam mais uns do que outros, perderem mais os alunos que em casa não tinham o apoio dos pais, ou os meios tecnológicos para estudar e estariam mais desmotivados".

"Mas o que é certo é que houve uma perda generalizada na aquisição de conhecimentos", acrescentou.

Sublinhando que os chamados 'rankings' apenas mostram "a qualidade dos alunos que fazem exames, e não a dinâmica ou o mérito das escolas", Filinto Lima considerou que estas tabelas - que mostram uma queda nas escolas pública em relação às privadas no que se refere às médias nos exames -- "devem ser muito relativizadas".

"Chamar esta tabela de 'ranking' das escolas é extremamente errado", reforçou.

Questionado pela Lusa sobre se as greves de professores este ano podem ter influência nos resultados dos exames deste ano, o responsável considerou que não: "esta luta intensa dos professores com o Ministério da Educação não está, de uma forma global, a prejudicar os nossos alunos".

"As greves eram decretadas por uma hora, era das 09:00 às 10:00. Um ou outro professor fez greve durante o dia todo, mas com certeza que estas ausências dos professores, em algumas escolas e em algumas disciplinas, esses conhecimentos (...) foram recuperados", disse, acrescentando: "O que os prejudicou foi a situação da pandemia, a todos".

Filinto Lima frisou a importância do plano de recuperação de aprendizagens, dizendo mesmo que este pode ser a explicação para o facto de, segundo os dados divulgados, o impacto da pobreza no sucesso escolar ser cada vez menor.

"Estes alunos já beneficiaram do plano de recuperação das aprendizagens, em que muitas escolas optaram por um ensino mais individualizado, mais personalizado, optando também por dar um apoio extra ao nível do português e da matemática do 9.º ano, que são as disciplinas a que eles fazem exame", afirmou.

O responsável destacou a continuidade do plano de recuperação de aprendizagens no próximo ano, que vai permitir "dar mais apoios individualizados aos alunos, apostando nalgumas disciplinas, como é o caso de português e de matemática".

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