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Estarreja defende "alternativa 0" ao traçado da Linha de Alta Velocidade

Foi em tom crítico generalizado que a Assembleia Municipal de Estarreja discutiu hoje à noite o projeto da Linha de Alta Velocidade no atravessamento do Município, cujo troço está em discussão pública.

Estarreja defende "alternativa 0" ao traçado da Linha de Alta Velocidade
Notícias ao Minuto

23:35 - 07/06/23 por Lusa

País Município

O argumento é que o Município de Estarreja é já atravessado pela Linha do Norte e por duas auto-estradas, a A1 e a A29, além de um gasoduto, e ficará ainda mais "retalhado" com a Linha de Alta Velocidade e a sua ligação à Linha do Norte, que vai "separar" a União de Freguesias de Canelas e Fermelã, em Canelas.

Com o salão nobre cheio, o presidente da Câmara, Diamantino Sabina, aproveitou para adiantar que vai propor na próxima reunião do executivo que a Câmara tome posição pela alternativa zero, exigindo que o projeto seja abandonado.

"É um verdadeiro desvario do Governo, movido pelo financiamento do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência)", disse Diamantino Sabina, para quem o projeto suscita um conjunto de perplexidades".

"O concelho irá mais uma vez ser retalhado e os prejuízos para o meio ambiente e para a qualidade de vida das populações são evidentes. É toda uma paisagem que será destruída bem como o sossego das populações", acrescentou.

O autarca foi assim ao encontro do desafio feito por um dos munícipes presentes na sala que questionou: "De que lado está a Câmara? Com o que é que podemos contar?"

Ouviram-se vozes também reclamando uma tomada de posição contra o traçado por parte da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA).

Cláudia Fernandes, do movimento cívico de Canelas, manifestou a sua indignação e repúdio pela barreira e divisão que o tratado proposto criará, perdendo as povoações a sua identidade própria.

"Não são só casas que se destroem: são vidas e histórias que fazem parte de nós", disse, na que foi uma das mais emotivas intervenções da noite.

Tiago Gassman, do Movimento Cívico de Cidadãos de Canelas, chamou a atenção para os custos de tal obra, "cinco mil milhões de euros, a que se irão somar derrapagens e que é o dobro do que o País dedica à Educação" e criticou a opção pela bitola ibérica, em vez da europeia, além do impacto ambiental.

Antes do público interveio Pompílio Souto e Braga da Cruz, do grupo de reflexão cívica "Plataforma Cidades", a convite da presidente da Assembleia Municipal de Estarreja, Regina Bastos, que centraram a sua exposição no aproveitamento do canal da Linha do Vouga como fator de desenvolvimento e defenderam a quadruplicação da Linha do Norte até ao Porto de Aveiro, para facilitar o tráfego de mercadorias.

No projeto da Linha de Alta Velocidade (LAV) Porto-Aveiro são propostos dois "corredores alternativos com início comum em Oiã", as soluções de traçado A e B.

Para a ligação à linha do Norte, foram estudadas "três alternativas possíveis" na zona de Canelas, no concelho de Estarreja.

"A construção do Trecho Aveiro/Porto da LAV [linha de alta velocidade] implicará um investimento de 1,65 mil milhões de euros, dos quais 500 milhões provêm de fundos europeus e o restante será financiado através de contratos de concessão da conceção, construção, manutenção e financiamento", pode ler-se no resumo não técnico do Estudo de Impacto Ambiental encomendado pela Infraestruturas de Portugal (IP).

A linha será em "bitola ibérica (distância de 1.668 mm entre carris) dada a articulação que tem com a restante rede nacional, mas tendo em vista a interoperabilidade com o sistema europeu, integra travessas polivalentes que permitem, em caso de necessidade, a passagem para esse sistema europeu (distância de 1435 mm entre carris)".

Leia Também: Casas afetadas pela alta velocidade no Porto conhecidas após projetos

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