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Psicóloga desconhecia "vontade de morrer" de jovem assassinado em Setúbal

A psicóloga do Centro Jovem Tabor de Setúbal, Sónia Banza, garantiu hoje em tribunal que desconhecia a alegada vontade de morrer do jovem assassinado por dois colegas em outubro de 2021, quando estava ao cuidado da instituição.

Psicóloga desconhecia "vontade de morrer" de jovem assassinado em Setúbal
Notícias ao Minuto

20:10 - 07/06/23 por Lusa

País Crime

Sónia Banza falava perante o tribunal de júri de Setúbal no julgamento dos dois suspeitos do homicídio, Leandro Vultos e Ricardo Cochicho, que, na audiência do passado dia 11 de maio, confessaram a prática do crime, alegadamente para corresponderem ao pedido do jovem Lucas Miranda, de 15 anos, para que o ajudassem a morrer. 

A psicóloga do Centro Jovem Tabor, IPSS sob a dependência da Diocese de Setúbal da Igreja Católica que acolhe jovens com dificuldades de inserção na sociedade, assegurou que nunca soube da alegada vontade de morrer que terá sido verbalizada por Lucas Miranda. 

Sónia Banza revelou ainda que só em fevereiro de 2021, muito depois do crime consumado em 15 de outubro de 2020, foi informada, por outro jovem da instituição, de que Lucas teria pedido aos agora arguidos Leandro e Ricardo para o matarem.

Questionada pelo tribunal, Sónia Banza reconheceu que tinha falado apenas duas vezes com o jovem Lucas Miranda, apesar de se tratar de um jovem com problemas que foi colocado na instituição no dia 02 de outubro de 2020 contra a sua vontade, por decisão da mãe adotiva.

"Ele [Lucas Miranda] estava sempre em fuga. Regressava, mas depois voltava a fugir", justificou Sónia Banza, face a alguma surpresa de juízes e advogados pelos contactos esporádicos que a psicóloga do Centro Jovem Tabor terá mantido com a vítima.

A psicóloga Sónia Banza confirmou ainda ao tribunal que foi alvo de ameaças por parte do arguido Leandro Vultos, que, no dia 23 de fevereiro de 2021, ameaçou atirá-la da janela e que nesse mesmo dia também terá ameaçado dar "duas facadas nas costas" à diretora técnica do Centro Jovem Tabor.

Na quarta-feira, o tribunal ouviu também o testemunho de uma antiga namorada de Lucas Miranda, que terá colocado termo à relação antes da morte do jovem, que descreveu como "uma pessoa alegre, que às vezes estava chateado com os pais, mas era só isso".

O tribunal ouviu ainda a inspetora da Polícia Judiciária de Setúbal responsável pela investigação, Catarina Maurício, que sublinhou a colaboração dada desde o primeiro momento pelo arguido Ricardo Cochicho.

"O Leandro remeteu-se ao silêncio, como é seu direito, mas o Ricardo foi sempre muito cooperante com a justiça", disse a inspetora da Polícia Judiciária de Setúbal, que precisou alguns detalhes da investigação.

O Ministério Público acusou Leandro Vultos dos crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver e ameaça agravada, e Ricardo Cochicho como cúmplice da prática do crime de homicídio qualificado e como coautor de um crime de profanação de cadáver.

No despacho de acusação, o Ministério Público refere que a morte do jovem Lucas Miranda terá ocorrido por "asfixia mecânica", após o arguido Leandro Vultos lhe ter aplicado um golpe de mata-leão, uma técnica de estrangulamento.

Depois do crime consumado, os dois suspeitos tentaram, sem sucesso, criar um cenário de suicídio por enforcamento numa árvore, mas acabaram por atirar o cadáver de Lucas Miranda para um poço próximo do Centro Jovem Tabor.

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