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'Mulheres do Mar', as novas guardiãs do oceano. "Quem ama cuida"

No Dia Mundial dos Oceanos, que se comemora todos os anos no dia 8 de junho, apresentamos-lhe um projeto português que reúne numa só plataforma mais de 500 mulheres que querem proteger os mares e passar essa mensagem ao mundo. Em breve, os testemunhos destas 'guardiãs' serão reproduzidos num documentário, numa minissérie e num site. Por enquanto, pode conhecê-las nas redes sociais.

'Mulheres do Mar', as novas guardiãs do oceano. "Quem ama cuida"

Têm a alma marcada pelo mar. A maioria, trata-o por tu, mas com respeito. Veem-no como casa, como lar, um colo. Apaziguador. Símbolo da união e de evasão. Uma fuga da terra "onde se quer tudo", para um local de liberdade, "onde não se quer nada".

Mas há também as que lhe têm temor. Um medo que chegou através de traumas, como afogamentos, perdas, sustos.

Sentimentos que embora ambíguos não tiram o  foco da luta que querem fazer em uníssono. Serem as guardiãs dos oceanos, porta-vozes da sustentabilidade dos mares.

Hoje são mais de 500. Meio milhar mulheres que vivem em Portugal, de norte a sul do país e ilhas, de todas as cores, diferentes nacionalidades, histórias de vida distintas, profissões e áreas diversas. Todas unidas numa só voz para gritar ao mundo que são as 'Mulheres do Mar'.

Missão: Potenciar o valor das mulheres no mar e a sustentabilidade dos oceanos.

O projeto 'Mulheres do Mar' começou em fevereiro de 2021, "numa altura em que o mundo estava virado para dentro", conta Raquel Clemente Martins, uma das quatro mentoras, lembrando que a pandemia trouxe muita "vontade de mar", assim como de "voltar à estrada, ouvir histórias, fazer filmes".

Apesar de a ideia inicial ter saído frustrada, deu lugar a uma ainda mais ambiciosa, "dar a conhecer a relação emocional de algumas mulheres com o mar e com isto promover a conservação do oceano".

As 'Mulheres do Mar' trazem assim consigo uma missão que vem a dobrar: Potenciar o valor do género feminino no mar e a sustentabilidade dos oceanos.

As mentoras - uma bióloga marinha, uma oceanógrafa, uma empreendedora que criou uma marca de calçado com lixo marinho e uma comunicadora que "adora boiar" - são um pequeno exemplo da diversidade do grupo. Entre as mais de cinco centenas de mulheres que fazem parte do projeto estão investigadoras, cientistas, surfistas, professoras, pescadoras, mariscadoras, mergulhadoras, advogadas, médicas, peixeiras.

Com os seus testemunhos intimistas, todas tentam passar a mensagem de que é necessário cuidar do oceano e desmistificar a ideia de que os trabalhos relacionados com o mar são feitos, sobretudo, por homens.

Até porque, o verbo cuidar, como lembra Raquel em conversa com o Notícias ao Minuto, está "intimamente relacionado com o feminino", faz parte do universo de quase todas as mulheres.

Não é, então, por acaso que o mote das 'Mulheres do Mar' seja: "Quem ama cuida e quem cuida ama".

"Consumir menos, educar mais"

Um dos ideais que o projeto pretende fazer passar é a necessidade de "consumir menos, educar mais". Como explica a comunicadora, além de "usar menos, comprar menos", a iliteracia sobre o mar (e não só) deve ser combatida através de exemplos positivos e não de forma pesada.

É o caso, por exemplo, de uma das 'Mulheres do Mar', que é professora na Universidade do Algarve. Sempre que vai fazer investigação a um local com menos recursos, leva várias máscaras de mergulho para oferecer às crianças e jovens que estão na praia. Porquê? Para que eles ganhem consciência do que está debaixo de água.

"O facto de eles verem que quando atiram uma coisa para o mar, um chinelo velho, uma garrafa, o que seja, para dentro de água, ela fica lá, não desaparece por milagre, é uma imagem muito forte. Se virmos o fundo do mar temos noção de que realmente há um mundo lá por baixo e que as coisas não desaparecem. Não é por não vermos o nosso lixo, que ele desapareceu", recorda Raquel.

Documentário, minissérie e website

Neste momento, as 'Mulheres do Mar' contam com "quatro produtos de comunicação", como revela Raquel, promovidos pela ONG Help Images, com o apoio institucional de diversas entidades estatais, como por exemplo, o Governo dos Açores.

A primeira ideia que começou a ser posta em prática foi "um documentário que tem o objetivo de elevar a proteção do oceano através do exemplo de mulheres e de histórias de mulheres que têm uma relação emocional com o mar".

Do 'desenho' do documentário surgiu a ideia de criar uma série de quatro episódios, sobre biodiversidade, lixo marinho, economia circular e alterações climáticas, onde vão aparecer "mulheres incríveis a falar sobre temas mais técnicos, mas sempre com a paixão de serem uma mulher do mar", realça a mesma mentora.

Além disso, a Help Images vai criar um site onde vão constar os testemunhos de todas as mais de 500 mulheres que já fazem parte do projeto e "de todas aquelas que hão de vir [a fazer]", porque um dos objetivos é expandir as 'Mulheres do Mar' além fronteiras, em breve.

Para já, a comunicação do projeto está a ser feita através das redes sociais, com teasers onde as mulheres do mar falam das suas experiências, da sua paixão pela água, e com dicas, conselhos e curiosidades sobre a sustentabilidade dos oceanos.

As partilhas já começaram a ser feitas e serão publicadas ao longo da 'Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável', que ocorre entre 2021 e 2030, um plano de ação internacional das Nações Unidas,  que pretende chamar a atenção para a importância do Oceano.

Já o site e o documentário deverão estar prontos antes da minissérie, mas ainda não há data definida de estreia para nenhum dos três. Por enquanto, o foco é ouvir (e fazer ouvir) as 'Mulheres do Mar'.

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