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Descolonização ainda marca comunidade portuguesa na África do Sul

O conselheiro português Vasco Pinto de Abreu admitiu que a comunidade portuguesa na África do Sul é muito marcada pelo processo de descolonização e considerou que Portugal e os movimentos de libertação devem desculpa aos ex-colonos portugueses e seus descendentes.

Descolonização ainda marca comunidade portuguesa na África do Sul
Notícias ao Minuto

11:03 - 05/06/23 por Lusa

País África do Sul

"Eu sou uma das vítimas dessa descolonização exemplar, e até agora ninguém fez essa tentativa de pedir desculpa por aquilo que aconteceu", adiantou à Lusa o conselheiro português na áfrica do Sul.

"Devia pelo menos dar uma palavra sobre aquilo que se passou. E pelo menos lamentar aquilo que se passou, houve famílias que foram destroçadas, famílias que foram separadas, que é o meu caso, e até agora nem uma palavra de compreensão, antes pelo contrário, continua-se a falar dos colonialistas disto e daquilo, quando muitos de nós somos já de segunda e terceira geração nascidos nas ex-colónias", vincou.

Segundo Vasco Pinto de Abreu, conselheiro pela área consular de Joanesburgo, a visão de quem foi obrigado a partir é diferente: "éramos cidadãos de corpo inteiro nesses países e que fomos afastados desses territórios, houve muitos que foram expulsos, e outros em que as condições assim o determinaram de ir para Portugal".

O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, que visita oficialmente a África do Sul de 5 a 8 de junho, defendeu que Portugal deve desculpa e responsabilização plena pela descolonização, no seu discurso na sessão solene comemorativa do 49.º aniversário do 25 de Abril na Assembleia da República.

"Também isso nos serve para nós olharmos para trás, a propósito do Brasil. Mas seria também possível a propósito de toda a colonização e toda a descolonização, e assumirmos plenamente a responsabilidade por aquilo que fizemos", considerou.

"Não é apenas pedir desculpa -- devida, sem dúvida -- por aquilo que fizemos, porque pedir desculpa é às vezes o que há de mais fácil, pede-se desculpa, vira-se as costas, e está cumprida a função. Não, é o assumir a responsabilidade para o futuro daquilo que de bom e de mau fizemos no passado", defendeu.

Quase cinquenta anos depois da descolonização, aqueles que foram vítimas de violência armada, e forçados a sair e a deixar bens em Moçambique e Angola, continuam à espera de uma compensação do Estado português.

Em dezembro de 1994, deu entrada na Assembleia da República uma petição, com mais de cinco mil assinaturas, que reclamava "o direito dos ex-residentes no Ultramar a uma justa indemnização". A petição só foi debatida dez anos depois, altura em que o Governo, do PSD, aprovou a criação de um grupo de trabalho interministerial, mas sem qualquer resultado prático.

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