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Bolsa para apoiar vítimas de abusos será suportada pela Igreja

A bolsa de psicólogos e psiquiatras que será criada pelo Grupo VITA para o acompanhamento das vítimas de abusos sexuais em contexto eclesial vai ser suportada pela Igreja Católica, assegurou hoje a coordenadora Rute Agulhas.

Bolsa para apoiar vítimas de abusos será suportada pela Igreja
Notícias ao Minuto

18:49 - 26/04/23 por Lusa

País Abusos na Igreja

"Quem vai pagar é a Igreja", esclareceu a coordenadora da nova estrutura para apoiar e acompanhar as vítimas de abusos sexuais que tenham ocorrido no seio da Igreja, em resposta aos jornalistas na conferência de imprensa de apresentação do grupo de trabalho. No entanto, assegurou que as pessoas que queiram recorrer ao Grupo VITA "jamais ficarão limitadas a essa bolsa de profissionais".

Através do apoio das ordens profissionais -- Ordem dos Psicólogos e Ordem dos Médicos -, Rute Agulhas esclareceu que o serviço será independente da Igreja na sua intervenção e que os profissionais especializados estarão aptos a agir junto das vítimas, mas também das respetivas famílias e de alegados abusadores ou pessoas que sintam que possam vir a cometer abusos.

"A bolsa não parte da Igreja, parte das respetivas ordens profissionais e isso remete para a autonomia. Não depende da Igreja, depende das ordens profissionais", reforçou a coordenadora, que sintetizou os objetivos de atuação do Grupo VITA na proteção, na prevenção de recidivas e na prevenção de possíveis situações abusivas, assinalando a disponibilidade dos membros para ajudarem as vítimas.

Rute Agulhas assegurou ainda que a articulação da nova estrutura com as Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis é importante para o presente e para o futuro, uma vez que o grupo de trabalho tem um cariz "temporário" - com intervenção calendarizada até 2025 -, manifestando a expectativa de que as pessoas se possam sentir mais confiantes em reportar situações de abuso a estas estruturas criadas pela Igreja.

"Não pretendemos esvaziar as comissões diocesanas. É importante que as pessoas passem a olhar para essas respostas com a mesma confiança que tiveram com a Comissão Independente e que esperamos que tenham com este grupo", observou, continuando: "As comissões diocesanas são feitas de profissionais como nós. Compreendo que possam não ter ainda a confiança que gostaríamos, mas gostaria de acreditar que, com o tempo, possam confiar".

O contacto com o Grupo VITA poderá ser efetuado por via telefónica através do número 915090000 (disponível a partir de 22 de maio, de segunda a sexta-feira entre as 09:00 e as 18:00) e por email: geral@grupovita.pt.

Além de Rute Agulhas (especialista em Psicologia Clínica e da Saúde com especialidades avançadas em Psicoterapia e Psicologia da Justiça), o Grupo VITA será constituído por Alexandra Anciães (psicóloga, experiência de avaliação e intervenção com vítimas adultas), Joana Alexandre (psicóloga, docente universitária e investigadora na área da prevenção primária dos abusos sexuais), Jorge Neo Costa (assistente social, intervenção com crianças e jovens em perigo), Márcia Mota (psiquiatra, especialista em Sexologia Clínica e intervenção com vítimas e agressores sexuais) e Ricardo Barroso (psicólogo, docente universitário e especialista em intervenção com agressores sexuais).

Haverá ainda um grupo consultivo, com a participação do padre João Vergamota (especialista em Direito Canónico), Helena Carvalho (docente universitária especialista em análise estatística) e o advogado David Ramalho.

A criação do Grupo VITA surge na sequência do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que, ao longo de quase um ano, validou 512 testemunhos de casos ocorridos entre 1950 e 2022, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de 4.815 vítimas.

Leia Também: Psicóloga aponta "papel pioneiro" da Igreja no combate aos abusos sexuais

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